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Pecuarista seguiu tradição familiar, uma das precursoras do gado Guzerá em Curvelo

Juliana Maldini Penna inspira-se na avó que, nos anos 30, ficou viúva e conduziu sozinha uma fazenda de gado

Juliana preside a AMCZ e participa das decisões mais importantes da fazenda

A pecuarista e presidente da Associação Mineira dos Criadores de Zebu (AMCZ), Juliana Maldini Penna, de Curvelo, comprou seu primeiro exemplar da raça Guzerá antes dos 20 anos. É que, com a morte de sua mãe, quando ela ainda estava na adolescência, acabou aproximando-se muito do pai Aloysio de Paula Penna e, aos 16, já trabalhava com ele, com obrigações bem definidas.

“Sempre gostei da lida na fazenda. Lembro-me de olhar, encantada, para o gado admirando sua força e beleza. Sou a quinta filha de sete irmãos, todos envolvidos de alguma forma, com o Guzerá”, conta.

Foi o avô de Juliana, Christiano Penna, um dos responsáveis pela introdução do gado Guzerá na região. Ela conta que, com o falecimento dele, ainda jovem, aos 45 anos, na década de 30, a criação ficou sob responsabilidade de sua avó Mercedes Penna. “Ela tinha 11 filhos (alguns bem pequenos, à época) e conseguiu dar continuidade ao trabalho na fazenda. O exemplo de fibra que ela deixou foi bem bacana, inclusive sendo a única mulher presidente da Associação Brasileira dos Criadores desde sua fundação, em quase 80 anos. Uma inspiração pra mim!”

Atualmente, a fazenda é administrada pelos filhos de Juliana, Gabriela e Fernando. “Mas eu sempre me faço presente e faço questão de participar das decisões mais importantes”, ressalva. O Guzerá continua sendo a raça predominante com exemplares mestiços para corte. “Os Puros de Origem que vieram dos meus pais continuam na fazenda das Flores, com meus irmãos. Tourinhos e reprodutores são vendidos para todo o Brasil”, explicou.

Além de produtora rural, Juliana é formada em Farmácia e Bioquímica pela UFMG e, durante 30 anos, dividiu-se entre o trabalho como responsável técnica em uma farmácia, o ramo de roupas, calçados e bolsas e, claro, a fazenda. Olhando pra trás ela diz que “nem sabe como foi que deu conta de tanta coisa…” Acredita que tenha sido bem sucedida por ter conseguido dar continuidade ao trabalho desenvolvido por sua família, prosperado e, agora, faz uma bem-sucedida sucessão, com a progressiva passagem de bastão para os filhos.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.