O cultivo da mandioca tem se mostrado uma alternativa interessante para os produtores rurais, principalmente aqueles que vivem em regiões constantemente afetadas pela seca. Depois de um estudo iniciado em 2015, a Emater-MG tem recomendado cada vez mais o aproveitamento da planta como um todo, incluindo folhas e manivas (mudas).
O trabalho de pesquisa teve início em Brasília de Minas, no Norte de Minas, com agricultores familiares, aproveitando-se, integralmente a mandioca, incluindo sua parte aérea (ramos que ficam acima do solo). A técnica gerou mais economia na atividade pecuária e mais qualidade para a alimentação animal, passando a ter adesão de, praticamente, todos os produtores rurais locais.
No primeiro ano do projeto, a Emater-MG enviou uma amostra para uma análise bromatológica da silagem produzida, que apontou um percentual de 12,6% de proteína bruta. Índices elevados em comparação com o sorgo e o milho, que variam entre 8% e 10% desta proteína.
Técnica de convivência com a seca
O coordenador regional de Culturas da Emater-MG em São Francisco, Frederico Botelho, conta que no Norte Minas, o plantio da mandioca tem sido recomendado como uma técnica de convivência com a seca. "É uma planta nativa do Brasil e está perfeitamente adaptada ao nosso clima e solo. Ela é tolerante à estiagem prolongada, por ser muito eficiente no aproveitamento da água. A mandioca suporta, ainda, solos ácidos e terras de baixa fertilidade, o que, por consequência, diminui o uso de fertilizantes, que poderiam onerar o custo de produção”, disse Botelho.
Aproveitamento das folhas
Frederico ressalta ainda que o cultivo e uso da mandioca no semiárido pode trazer mais qualidade para a alimentação animal a um menor custo. “Muita gente já plantava mandioca para fazer farinha e polvilho, porém, a parte aérea, manivas e folhas eram desperdiçadas. Agora a parte aérea da planta é transformada em feno e silagem, melhorando a nutrição animal”, explica o coordenador.
O coordenador de Regional de Pecuária da Emater-MG, Antônio Faria Salgado Júnior, destaca que o interessante é o produtor ter, além da mandioca, o capiaçu, uma cultivar de capim-elefante de alto rendimento para produção de silagem. “A mandioca é rica em proteína, mas dá pouca quantidade de alimento. Então você planta o capiaçu, que não tem muita proteína, para dar volume. Daí mistura um balaio de silagem de rama de mandioca e dois de silagem de capiaçu para ter uma oferta maior de ração”, explica o técnico. Em razão dos períodos de estiagem frequentes na região, Antônio recomenda ainda que o produtor procure fazer uma pequena área de mandioca irrigada por gotejamento, aproveitando a água acumulada na época de chuvas.
Alerta para risco de intoxicação
Ficou comprovado que a folha da mandioca é um ótimo alimento para o rebanho, com bons níveis de proteína. Mas o coordenador estadual de Culturas da Emater-MG, Sérgio Brás, alerta que o produtor deve ter o cuidado de secar as folhas para evitar os riscos de intoxicação dos animais por ácido cianídrico. Outro aviso importante, é o agricultor ficar atento ao material de propagação da mandioca. “As manivas (mudas) têm que partir de mandiocais sadios, livres de pragas, principalmente a broca e o mandruvá, e também de doenças, bacteriose principalmente, que são problemas sérios na cultura da mandioca”, recomenda Sérgio.
(*) Com informações da Emater-MG