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Seminário de Apicultura deverá reunir 700 produtores no Norte de Minas

Evento debaterá, entre outros temas, a operacionalização do Mel de Aroeira, reconhecido pelo INPI por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas

O Norte de Minas tem 1800 apicultores registrados em 64 municípios

Cerca de 700 apicultores, pesquisadores e representantes de associações e do governo vão se reunir na sede da OAB em Montes Claros em 10 de novembro para trocarem ideias, conhecimento e discutirem os desafios do setor no 19º Seminário de Apicultura do Norte de Minas, organizado pela Codevasf, Sebrae, Senar, Coopemapi (Cooperativa de Apicultores de Bocaiúva) e Emater-MG.

Os participantes vêm das cidades do entorno e também de Belo Horizonte, sul de Minas, Zona da Mata, Vale do Jequitinhonha e até de outros estados. Para o chefe da unidade de Desenvolvimento Territorial da Codevasf, Alex Demier, o interesse que o evento desperta é um reflexo dos números do segmento no Norte de Minas. Há cerca de 1800 apicultores registrados na região que produzem, aproximadamente, mil toneladas de mel por ano, 30 associações, 64 municípios e uma cooperativa - a Coopemapi, responsável pela exportação do mel. Toda essa estrutura que forma o Polo de Apicultura do Norte de Minas produz ainda própolis, cera e pólen.

Mel de Aroeira e outras IGs que deram certo


Alex Demier destaca na programação do seminário a palestra “Operacionalização da Indicação Geográfica do Mel de Aroeira”, que será ministrada pelo presidente do Conselho de Desenvolvimento da Apicultura do Norte de Minas, Hélio César de Oliveira. Ele detalhará os processos de produção e comercialização específicos do produto, como diferenças no manejo e pequenos gargalos. “Não são coisas complicadas, mas é importante que os produtores estejam familiarizados”, disse. Para quem não sabe, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) reconheceu, oficialmente, a existência de compostos fenólicos e características medicinais, anti inflamatórias, antioxidantes e antimicrobianas desse mel. Durante o seminário será apresentado o selo de garantia de procedência para o consumidor.

O chefe da Codevasf conta que a conquista dessa chancela demandou oito anos de trabalho dos apicultores e diversas instituições. Hoje, o produto é internacionalmente valorizado. “O registro de Indicação Geográfica (IG), na espécie Denominação de Origem, fortaleceu o protagonismo do apicultor norte mineiro, sua propriedade intelectual e o reconhecimento do mercado consumidor. É um marco histórico”, disse.

A outra palestra destacada por Demier segue mais ou menos a mesma linha temática: “Marcas Coletivas e Indicações Geográficas – a Importância para os Territórios” que será ministrada pelo analista do Sebrae, Ricardo Boscaro de Castro. Boscaro falará sobre outras Indicações Geográficas que deram certo, como a do Queijo Canastra, na Serra da Canastra, e alguns cafés do Cerrado.

Confira outras palestras :


  • A Importância do Cooperativismo em Minas Gerais com Rogério Cássio Ferreira Coelho – Analista de Desenvolvimento e Monitoramento de Cooperativismo da Organização das Cooperativas do Estado de MG - Sistema Ocemg.

  • A Importância de Boas Práticas na Valorização do Mel Norte Mineiro por Gilzeane dos Santos Sant’Ana - Professora Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

  • Cenário e Perspectiva da Apicultura no Brasil - Sérgio Luiz Gonçalves Farias - Presidente Confederação Brasileira de Apicultura - CBA

  • Importância da Regularização do Cadastro de Apicultores - Rômulo Tadeu Pace de Assis Lage – Coordenador Regional Instituto Mineiro de Agropecuária - IMA

Pesquisas e inclusão na Rota do Mel

Outras circunstâncias que têm contribuído para o desenvolvimento do polo são as parcerias com a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e Universidade de São Paulo (USP). Elas têm garantido o trabalho de pesquisa a respeito dos diversos meis da região e suas propriedades. As variedades mais conhecidas são: o mel de pequi, o mel do cipó de uva, o mel do café, o mel de velame, o mel de betônica, o mel de copaíba e o mel da flor de abacate.

A inclusão do Norte de Minas na Rota do Mel - programa do governo federal criado em 2017 - trouxe recursos e uma carteira de projetos dos quais fazem parte 16 associações e 16 entidades. Outro fator positivo, de acordo com o presidente da Coopemapi, Luciano Fernandes, é a existência de uma Câmara Técnica Regional que discute os gargalos e busca melhorias sistematicamente.

Fizemos uma revolução no Norte de Minas, aumentamos a produção enormemente e estamos muito mais tecnificados, profissionalizados e organizados.

O evento também será transmitido pelo You Tube no canal da Codevasf https://www.youtube.com/c/CodevasfOci

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.