Está em fase de finalização um equipamento que vai auxiliar o produtor no monitoramento do bicudo do algodoeiro, considerada a principal praga da cultura. A inovação desenvolvida pela startup LiveFarm, em parceria com a Embrapa, realiza a contagem automática dos insetos em tempo real, otimizando tempo e recursos com o monitoramento, além de reduzir o número de pulverizações. A novidade está sendo apresentada aos produtores, neste momento, na 13ª edição do Congresso Brasileiro do Algodão, que acontece em Salvador (BA).
Em levantamento recente realizado com cerca de 60 cotonicultores do Cerrado verificou-se que o bicudo é a praga que exige o maior número de pulverizações, variando entre 18 e 22 aplicações por safra. Os prejuízos causados pela praga podem ultrapassar o valor de mil reais por hectare, o que equivale a cerca de 10% do custo total de produção. “A tecnologia vai aperfeiçoar a estratégia de controle e a aplicação de inseticidas, com reduções potenciais de 30% a 50%,” prevê o sócio fundador da LiveFarm, Joélcio Carvalho.
Armadilha é produto da agricultura digital
O equipamento consiste em um sensor que é acoplado às armadilhas convencionais de feromônio e envia os dados para um aplicativo, facilitando a tomada de decisão do produtor quanto ao manejo da praga. “Ao passar pelo inseto, a inteligência artificial faz a identificação e envia as contagens para a nuvem. O sistema se diferencia pelo método de contagem e pelo fato de funcionar sem a necessidade de sinal telefônico ou de internet de satélite, sendo possível adaptar a qualquer ambiente”, explica Carvalho.
Para José Ednilson Miranda, pesquisador da Embrapa Algodão, que trabalhou no aperfeiçoamento da armadilha com sensoriamento remoto, o equipamento é uma tecnologia disruptiva, que se insere no novo cenário de agricultura digital em que as fazendas se modernizaram e utilizam cada vez mais ferramentas de inteligência artificial para condução das lavouras.
“O algodão é produzido em áreas muito extensas e a tecnologia dispensa a necessidade de ficar fazendo visitas. Além disso, as visitas podem ser feitas em um momento em que o inseto não vai estar presente. Enquanto a armadilha estará no campo constantemente, fornecendo informações assim que o inseto chegar”, observa.
Outra vantagem do sistema em relação ao método de monitoramento atual é que ele facilita o controle localizado e precoce das pragas, reduzindo de uma semana, para menos de uma hora a confirmação da presença da praga no campo.
Outra aplicação para o uso dessas armadilhas é aproveitar a coleta de dados para a tomada de decisões de controle localizado através de drones agrícolas. “Hoje nós já temos drones de pulverização de 10, 20 e 30 litros de capacidade que vão ser ótimos para fazer esse controle localizado. Isso também pode ser automatizado de maneira que um único operador pode resolver esse problema de maneira tempestiva antes que a praga se alastre na lavoura”, vislumbra Miranda.
O novo sistema vem se somar a uma série de ferramentas que estão em desenvolvimento para otimizar o manejo do bicudo do algodoeiro. Entre elas estão novos compostos orgânicos voláteis mais atrativos ao bicudo para atuar em sinergia com o feromônio nas armadilhas; a atualização do nível de dano econômico da praga, com maior flexibilidade para as diferentes condições de cultivo; e uma formulação de inseticida biológico contendo semioquímicos atrativos do bicudo e isolados de fungos patogênicos ao inseto.
(*) Com Informações da Embrapa