O ano novo na espiritualidade cristã começa com o Advento, tempo que prepara para o Natal e é antecedido pela Festa de Cristo Rei, lembrando que a verdadeira realeza de Jesus se revela na cruz. O Advento, mais que enfeites e luzes, é período litúrgico rico em ritos e na Palavra de Deus, chamado a tocar profundamente a existência humana. Viver o Advento é acolher o convite à conversão e à esperança, encontrando respostas humanas e sociais que contribuam para consolidar uma sociedade mais justa e solidária. É ocasião para redescobrir o sentido autêntico da vida e corrigir rumos, inspirando nova postura diante da casa comum e dos pobres. A vivência da oração, da Novena de Natal e das celebrações nas comunidades sustenta esse caminho espiritual, evitando que o período se reduza a consumismo vazio.
Quando Advento e Natal são vividos superficialmente, surgem lacunas que repercutem no ano novo: cresce a violência, agrava-se a desigualdade e avança a depredação ambiental. A ausência de espiritualidade dificulta escolhas sábias e impede a construção de um tempo novo. O Advento é horizonte que dialoga com toda a vida, influenciando dimensões pessoais e sociais. A espiritualidade ajuda a enfrentar disputas, ganâncias e mesquinhez, fortalecendo a caridade — princípio que dissipa a avidez e ensina a justa medida em tudo. Investir na vida espiritual alimenta a esperança da eternidade e cura a valorização excessiva dos bens materiais, fruto do distanciamento de Deus.
O mundo sofre quando o amor é reduzido a interesses. Sem abertura ao amor genuíno, o coração humano perde a nobreza e se deixa dominar por corrupção e manipulações. Preparar bem o Natal reforça a convicção de que a prioridade é seguir Cristo. Celebrar o nascimento do Verbo de Deus renova a certeza de Sua presença amorosa. O Advento convida ao diálogo com Deus, a partilhar projetos, sonhos e dores com Cristo. É tempo de consolidá-Lo como fundamento da vida, para que o Natal seja encontro renovado com Aquele que vem ao encontro da humanidade. Advento é caminho de esperança que liberta de escravidões, vence medos e gera humildade. Alimentar a esperança permite fazer do Natal uma nova página, reconstruindo em cada pessoa o templo de Deus e encontrando n’Ele abrigo seguro.
