O projeto Eloos consolidou-se como um espaço estratégico de diálogo entre poder público, empresas e especialistas, promovendo debates fundamentais sobre o futuro da mineração no Brasil. Nesta segunda-feira (22), o projeto realizou discussões temáticas, que abordaram desde o marco regulatório até a responsabilidade socioambiental e o uso de novas tecnologias, sempre com foco no desenvolvimento sustentável e na competitividade do setor.
Com a participação de autoridades, executivos e especialistas, o Eloos reforçou seu compromisso em fomentar debates que unem desenvolvimento econômico, responsabilidade socioambiental e inovação tecnológica, apontando caminhos para uma mineração sustentável no Brasil e em Minas Gerais.
Entraves e avanços regulatórios
No painel de abertura, Marco Regulatório: Desafios e Futuro Sustentável, lideranças políticas e empresariais discutiram a importância de modernizar a legislação mineral, garantindo segurança jurídica, eficiência no licenciamento e maior atratividade para investimentos.
Diego Andrade, presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara, defendeu mais agilidade e transparência. “Precisamos de segurança jurídica, de fiscalização tecnológica e de uma contrapartida mais justa. Vamos minerar onde for possível, pois cada projeto é único. A comissão está pronta para ajudar.”
A secretária de Meio Ambiente, Marília Melo, destacou os avanços em Minas Gerais. “Precisamos de critérios técnicos objetivos. Já estamos começando a aplicar inteligência artificial nos licenciamentos e fazendo esforço para rever normas infralegais.”
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, a Lei Geral de Licenciamento Ambiental pode destravar gargalos. “Fazer o certo no Brasil é muito difícil. Toda vez que você fragiliza um instrumento, abre margem para distorções.”
ESG e reparação
O segundo painel, “Reparar para Avançar: O Desafio”, abordou a reconstrução da confiança no setor a partir das agendas de ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança) e reparação de danos.
Rodrigo Vilela, CEO da Samarco, ressaltou os aprendizados da última década após o rompimento da barragem de Fundão. “Passados 10 anos, seguimos pedindo desculpas por esse fato que transformou nossa empresa, Minas Gerais e o setor mineral. Retomamos nossas operações sem barragens de rejeitos, com tecnologia, automação e inteligência artificial.”
Paulo de Tarso Morais Filho, procurador-geral de Justiça, lembrou a importância de aprender com as tragédias. “Temos hoje um centro integrado de fiscalização das barragens e um acordo para descomissionar as estruturas a montante. Faltam apenas 31, com prazo até 2035. É um aprendizado doloroso.”
O ministro do Tribunal de Contas da União em Minas Gerais (TCU), Antônio Anastasia, reforçou o papel da União no acompanhamento do setor. “Cabe ao TCU a fiscalização de segundo nível, que significa monitorar se a agência está cumprindo o seu papel.”
Lucas Kallas, CEO da Cedro, apontou soluções sustentáveis. “Estamos investindo em um transportador de correia de longa distância em Mariana, que vai retirar cerca de três mil veículos das estradas. Nossa linha é a sustentabilidade.”
Já Thiago Toscano, CEO da Itaminas, destacou a inovação da companhia. “Quando começamos a olhar para a agenda de ESG, vimos que faltava um ‘E’ de segurança. Chamamos de ESG², trazendo a segurança como pilar.”
Mineração inteligente e futuro sustentável
O painel de encerramento, Mineração Inteligente: Inovação e Dados, destacou o papel da tecnologia e da inteligência artificial na transformação do setor. Soluções digitais voltadas para eficiência operacional, segurança e monitoramento ambiental foram apresentadas como caminhos para uma mineração mais moderna e competitiva.
Victor Salles, especialista da Proteus Academy, explicou os ganhos em segurança. “Já temos companhias divulgando redução de 35% em acidentes por conta do uso da IA. A tecnologia torna a operação mais ágil e eficiente, colocando o ser humano onde ele é realmente necessário.”
Argeu Géo Filho, vice-presidente de Operações da Itaminas, reforçou o papel social. “A inovação começa quando se traz adicionalidade. Temos um projeto de planejamento estratégico para Sarzedo nos próximos 10 anos, junto com a Fundação Dom Cabral, estruturando a Gestão Municipal em Ação.”
Otto Levy, ex-secretário de Planejamento e Gestão, destacou os avanços no monitoramento. “Hoje as barragens são monitoradas 24 horas por dia, sete dias por semana. Também estamos usando mineração a seco e queremos regras claras para isso.”
Para Rafael Bittar, vice-presidente da Vale, a mineração é essencial para a transição energética. “O mundo nunca precisou tanto da mineração como vai precisar nos próximos anos e séculos. O desafio é mostrar que a mineração é sustentável e altamente tecnológica. O Brasil tem liderado essa transformação.”