O terceiro e último painel do dia abordou o impacto da inteligência artificial (IA) e da inovação no setor mineral. Com mediação de Márcio Gomes, participaram Victor Salles, especialista em IA da Proteus Academy; Argeu Géo Filho, vice-presidente de Operações da Itaminas; Otto Levy, CEO da CNS Mineração; Fernando Coura, do Conselho da Petrobras; e Rafael Bittar, vice-presidente da Vale.
O painel mostrou como a tecnologia vem transformando desde a exploração mineral até a logística, com soluções em manutenção preditiva, monitoramento ambiental, veículos autônomos e tomada de decisão baseada em dados — reforçando a relevância da inovação para a competitividade e a segurança das operações.
Victor Salles destacou como a inteligência artificial já contribui para a prevenção de acidentes. “As empresas aplicam o monitoramento de IA em várias frentes, inclusive na segurança. Já temos companhias divulgando bons resultados, como a redução de 35% nos acidentes, graças ao uso da IA. Com a tecnologia, a operação se torna muito mais ágil e eficiente, colocando o ser humano onde ele é realmente necessário e faz diferença.”
Argeu Géo Filho, vice-presidente de Operações da Itaminas, ressaltou a importância de desenvolver pessoas e empregos. “A inovação vai além da tecnologia. Ela começa quando se traz adicionalidade, e é aí que a sociedade entra. O social é o que nos move. Temos um projeto de planejamento estratégico para a cidade de Sarzedo, para os próximos 10 anos, em parceria com a Fundação Dom Cabral. Estamos estruturando o GMA, Gestão Municipal em Ação, no qual o município atua diretamente. Para isso, precisamos de comunicação e transparência, para que a governança se estenda.”
Otto Levy, ex-secretário de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, falou sobre integrar responsabilidade socioambiental e mineração inteligente. “Somos mineiros não só porque nascemos em Minas Gerais, mas porque somos mineradores. Para a mineração acontecer, precisamos do mineiro, e Deus nos abençoou ao colocá-lo em Minas. A IA permite avanços. Hoje, as barragens são monitoradas 24 horas por dia, sete dias por semana, e o sistema já está sendo aplicado também às pilhas. O setor é, com certeza, favorável a que exista uma regulação sobre isso. Estamos usando a mineração a seco e queremos regulação e regras claras. A inteligência permite monitorar barragens, pilhas e poeira — reflexos da atividade mineral que podem ser medidos e minimizados.”
Rafael Bittar, vice-presidente da Vale, destacou o papel do setor na transição energética. “Não existe transição energética sem mineração. O mundo nunca precisou tanto da mineração como vai precisar nos próximos anos e séculos. Tudo o que temos está associado a ela. O desafio é mostrar que a mineração é sustentável e traz valor agregado, além de ser uma indústria altamente tecnológica. Não se trata apenas de extrair minério e deixar passivo ambiental — essa é uma visão equivocada. O Brasil tem liderado essa transformação na indústria global, acelerando tecnologia e sustentabilidade de forma genuína. Não é só o exterior que opera bem: precisamos olhar para dentro e ver o quanto avançamos. O setor mineral inova muito, e já somos referência em vários segmentos.”
Sobre os minerais críticos, Bittar reforçou o potencial do país. “Temos uma posição geográfica e geopolítica extraordinária. O Brasil pode se tornar fornecedor não só dos minerais críticos, mas de toda uma cadeia estendida, capaz de atrair investimentos, gerar empregos e promover desenvolvimento. Temos abundância de energia renovável e sabemos como protegê-la.”