Ouvindo...

Guerra entre Israel e Hamas atrasa o desenvolvimento em Gaza em 60 anos, afirma diretor da ONU

Serão necessários dezenas de bilhões de dólares para reconstruir o território palestino

A guerra entre Israel e Hamas, iniciado em outubro de 2023, atrasou o desenvolvimento de Gaza em 60 anos.

A estimativa foi feita pelo chefe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP, na sigla em inglês) em entrevista à AFP.

Serão necessários dezenas de bilhões de dólares para reconstruir a Faixa de Gaza.

Cerca de dois terços de todos os edifícios no estreito território palestino estão destruídos ou danificados pelos intensos bombardeios do Exército israelense, e a remoção de cerca de 42 milhões de toneladas de escombros será um trabalho perigoso e complexo, advertiu Achim Steiner, entrevistado à margem do Fórum Econômico de Davos, realizado até sexta-feira na Suíça.

“Provavelmente entre 65 e 70% dos edifícios em Gaza foram completamente destruídos ou danificados”, afirmou, “mas também estamos falando de uma economia destruída, na qual estimamos que cerca de 60 anos de desenvolvimento foram perdidos neste conflito em 15 meses”.

“Toda a infraestrutura e os serviços básicos simplesmente não existem”.
Achim Steiner, chefe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Para ele, nenhum destes números impressionantes inclui a dimensão do custo humano deste conflito. “O desespero não é algo que pode ser capturado nas estatísticas”.

Leia também

“Anos e anos”

O frágil acordo de trégua entre Israel e o movimento islamista e sua natureza “volátil” tornam difícil prever quanto tempo levará a reconstrução e, no momento, a ONU está priorizando a ajuda emergencial.

“Quando falamos de reconstrução, não estamos falando de um ou dois anos. Falamos de anos e anos para conseguir até mesmo o início da reconstrução, não apenas da infraestrutura física, mas de toda uma economia” insiste Steiner.

Ele ressalta que “as pessoas tinham economias. Tinham empréstimos. Investiram em negócios. E tudo isso foi perdido. Portanto, estamos falando da fase física e econômica, e até mesmo, de certa forma, da fase psicossocial da reconstrução”.

Somente a fase de reestruturação física custaria “dezenas de bilhões de dólares”, estima ele, ressaltando a “enorme dificuldade para mobilizar fundos nesta escala”.

O grande volume de escombros a serem removidos e reciclados também representa enormes desafios.

“Não se trata apenas de carregá-los e transportá-los para algum lugar. Estes escombros são perigosos. Muitas vezes ainda há corpos que podem não ter sido recuperados. Há munições não detonadas, minas”, explica.

Segundo o chefe do UNDP, é possível reciclar estes materiais e usá-los no processo de reconstrução, e uma solução provisória pode ser a transferência dos escombros para aterros e lixões temporários, onde poderão ser transportados para tratamento e descarte permanente.

Enquanto isso, se a trégua se mantiver e se consolidar, serão necessárias enormes quantidades de infraestrutura temporária.

“Praticamente todas as escolas e hospitais foram gravemente danificados ou destruídos”, citando uma “destruição física extraordinária” em Gaza.


Participe dos canais da Itatiaia:

A Rádio de Minas. Tudo sobre o futebol mineiro, política, economia e informações de todo o Estado. A Itatiaia dá notícia de tudo.
Leia mais