Uma mulher de 23 anos foi condenada a seis anos e dois meses de prisão por ter matado o homem que a estuprou, no México. Roxana Ruiz já tinha ficado presa por nove meses, há dois anos, pela morte do homem. A decisão proferida nesta segunda-feira (15) argumentou que ela praticou excesso de legítima defesa”.
Além da reclusão, Roxana terá que pagar uma indenização de 285 mil pesos, cerca de R$80,2 mil, à família do agressor, que a processou. A mulher, entretanto, tem dez dias para recorrer.
Enquanto estava na prisão, em 2021, Roxana escreveu uma carta contando detalhes do abuso que sofreu. Ela relata que estava tomando uma cerveja com uma amiga quando um homem, que ela conheceu no local, insistiu para levá-la em casa. Ao chegar na residência, ele pediu para dormir lá, já que morava muito longe.
Enquanto Roxana dormia o homem a estuprou e bateu nela. O homem chegou a ameaçá-la de morte e, para se defender, ela usou uma camiseta para sufocá-lo, o que acabou causando a morte do agressor. No dia seguinte ela foi presa por homicídio.
Roxana, que é mãe de um menino de cinco anos, afirmou durante uma entrevista ter medo do futuro e disse que as autoridades nunca acreditaram na sua versão dos fatos.
A juíza Mónica Palomino, que condenou Roxana a seis anos de prisão, afirmou que “uma pancada na cabeça teria sido suficiente” para que a mulher se defendesse. A decisão provocou indignação no país e diversos grupos que defendem os direitos das mulheres organizaram um protesto em frente ao tribunal.
A cidade onde Roxana foi estuprada, Nezahualcóyotl, fica no norte do México, região que registra o maior número de feminicídio no país, segundo estatísticas oficiais. No México, cerca de 11 mulheres são mortas por dia e, em 2022, foram registrados 3.754 assassinatos de mulheres, dos quais 947 foram registrados como feminicídios.