A Polícia Federal cumpriu, nesta quinta-feira (14), mandados de busca e apreensão, sequestro de bens e quebras de sigilos bancário, fiscal e telemático em uma investigação que apura fraudes em licitação e desvio de verbas públicas no município de Padre Carvalho, no Norte de Minas.
De acordo com a PF, a Operação Dolomita foi iniciada a partir de denúncia anônima em 2024. As apurações apontam irregularidades em contratos para recuperação de estradas vicinais, no valor total de R$ 606 mil — sendo R$ 573 mil de recursos federais —, que teriam beneficiado uma empresa de engenharia.
As investigações indicam que um dos sócios da empresa, à época dos fatos, exercia o cargo de secretário executivo de uma associação, situação que reforçaria possível favorecimento na contratação. A corporação também constatou que a empresa não possui sede física, conta com apenas um funcionário registrado e não dispõe de veículos, máquinas ou equipamentos compatíveis com a execução de obras. Além disso, houve alteração no objeto social para incluir serviços ligados a obras públicas, aparentemente para atender exigências de editais.
Moradores relataram à PF, sob anonimato, que máquinas e servidores da própria prefeitura teriam executado as obras contratadas, o que reforça a suspeita de desvio de recursos.
O Tribunal Regional Federal da 6ª Região autorizou o bloqueio de bens e valores até o limite de R$ 605,5 mil, além de buscas em dois endereços de Montes Claros, dois em São João da Lagoa e um em Padre Carvalho. Foram apreendidos documentos, dispositivos eletrônicos, veículos, dinheiro em espécie, uma arma e munições.
Os investigados podem responder por crimes de fraude à licitação e desvio de recursos públicos, previstos no Código Penal e no Decreto-Lei 201/1967, com penas que, somadas, podem ultrapassar 18 anos de prisão.
O nome da operação faz referência à dolomita, mineral presente no cascalho utilizado em estradas rurais da região.