Uma declaração dada pelo médico que socorreu Ayrton Senna, no Autódromo de Ímola, na Itália, traz uma nova visão sobre o que vitimou o piloto brasileiro há 30 anos atrás.
Em entrevista dada à jornalista Júlia Valente, do Uol, Alessandro Misley, médico que socorreu Senna, revelou que o real motivo pela morte do piloto foi a força do impacto na barreira de proteção da pista. A batida provocou uma fratura na base do crânio de Ayrton.
Ainda de acordo com o médico, a lesão causada pela barra da suspensão seria “secundária e não letal”. E afirma: “Se fosse só esta lesão, Senna estaria vivo.”
Misley também detalha como foram os primeiros instantes após o acidente.
“Quando nos chamaram para o acidente (de Senna), não nos comunicaram quem era o piloto que estava preso e ferido. Chegamos um minuto depois da ambulância, porque estávamos um pouco mais longe. E, visto que Senna era muito conhecido, ficamos atônitos.”
Assim que o médico se deparou com Ayrton ferido, o médico já imaginava que a situação era grave.
“Infelizmente, a situação logo se transformou em dramática, porque Ayrton teve lesões na cabeça, na cervical e na base do crânio. Instantaneamente, ele ficou inconsciente. Os sinais vitais estavam alterados. Todas as condições não indicavam nada de bom. Tinha saído sangue da boca e do nariz, e, infelizmente, havia matéria cerebral (espalhada). Ainda assim, fizemos várias tentativas de aspiração, ventilação e oxigenação…”
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Ao falar sobre o motivo da morte do ídolo brasileiro, Alessandro é enfático.
“De fato, um pedaço da suspensão entrou pelo no capacete e provocou uma lesão a nível frontal de poucos centímetros, o que, claro, não é inócuo. Mas, com certeza, não foi esse o problema a provocar a morte de Senna. A morte de Senna foi provocada pela fratura da base do crânio, devido ao forte impacto causado pela desaceleração. A lesão da barra de suspensão é secundária e não letal. (Se fosse só ela), Senna estaria vivo.”
A gravidade da lesão na base do crânio se deu devido ao impacto do carro de Senna na barreira de proteção da pista. No momento da batida, o carro do tricampeão de Fórmula 1 estava a pouco mais de 300 km/h.
Com a desaceleração causada no choque entre o carro e a barreira, foi gerado um “efeito chicote”, no qual o cérebro se move dentro do crânio e pode se chocar com as paredes internas do mesmo.
Por fim, Misley fala que a falta de alguns dispositivos de segurança comuns atualmente, poderiam ter evitado tamanha fatalidade.
“Não digo que (com o Head and Neck Support - em português, protetor de cabeça e pescoço) não teria acontecido nada (com Senna), mas certamente o impacto e os danos seriam menores”, concluiu o médico Alessandro Misley ao Uol.