A concretização neste sábado (14) da chegada do zagueiro Adryelson à Seleção Brasileira trouxe de volta uma mágoa da torcida do Sport com a gestão de futebol do clube. Afinal, prata da casa rubro-negro, criado na Ilha do Retiro desde os 13 anos, o defensor, atualmente no Botafogo, deixou o Leão em julho do ano passado, sem custos, após conseguir uma rescisão indireta de contrato por meio da Justiça do Trabalho.
Adryelson conseguiu provar que possuía salários atrasados, 13º salário, FGTS e multas numa ação que chegou perto dos R$ 3,5 milhões. O clube chegou a reconhecer que tinha débitos com o zagueiro, alegando ter sido afetado pela pandemia da Covid-19. Não houve acordo. Ao fim do processo, o Sport perdeu todos os direitos econômicos e federativos sobre o jogador.
Na mesma altura, no ano passado, o Sport também foi obrigado a vender o goleiro Mailson ao Al Taawoun, da Arábia Saudita, por 500 mil dólares (na época, cerca de R$ 2,8 milhões). O jogador tinha um contrato até janeiro deste ano e logo poderia sair de graça do clube. Os exemplos, ao longo dos últimos anos, são muitos.
Há pouco mais de um ano à frente das divisões de base do clube, João Marcelo Barros explicou neste domingo (15), que o Sport está preparado para evitar que casos semelhantes voltem a acontecer nas divisões de base.
O dirigente enumerou seis pontos com ações que a gestão tem realizado para evitar fuga de atletas sem retorno financeiro:
Firmando contratos extensos com atletas;
Contratos com cláusulas de gatilho de renovação automática por minutagem;
Cláusula de renovação automática por desempenho (jogando um percentual de jogos específicos como titular, contrato é automaticamente estendido);
Firmamos um maior número de contrato profissional com atletas a partir de 16 anos (o investimento compensa);
Tiramos o
Certificado de Clube Formador perdido pelo clube há três anos e que causou debandada em massa de inúmeros jovens com futuro promissor;Manter obrigações em dia (alguns atletas tentaram forçar a saída alegando inadimplências diversas e não conseguiram -
caso, por exemplo do zagueiro Marcelo Aju )
“Além disso, é preciso investir em várias frentes na base para que os atletas sintam-se motivados em jogar conosco. De nada adianta um pedaço de papel segurando alguém desmotivado. Daí vem participações em competições internacionais e profissionais de ponta, por exemplo, acrescentou João Marcelo Barros, coordenador-geral das divisões de base do Sport.
Por fim, sobre Adryelson, o Leão ainda tem um meio de conseguir algum ganho financeiro com o jogador, que seria através do percentual pela formação do zagueiro. O regulamento do Mecanismo de Solidariedade da Fifa permite que até 5% do valor total de cada transferência internacional seja dividido proporcionalmente entre os clubes pelo qual o atleta passou dos 12 aos 23 anos - período pelo qual o jogador esteve no Sport.
Adryelson estreou no time profissional do Sport com 16 anos. No clube, ele foi convocado para as Seleções sub-17 e sub-20. Em 2015, chegou a ser campeão Sul-Americano com a seleção sub-17. O defensor é natural de Barão de Grajaú, no interior do Maranhão. Aos 13 anos já estava na Ilha. Viveu no alojamento do clube até 2016, quando ganhou um novo contrato e pôde se mudar.