Há 75 anos, no dia 16 de julho de 1950, Brasil e Uruguai entraram em campo para disputar o que seria a quarta final da
O clima era de empolgação para os torcedores. Embalado, o Brasil chegava à partida com quatro vitórias em cinco jogos. Na primeira fase, a Seleção havia se classificado como líder do grupo 1 e despachado a Iugoslávia, considerada uma grande equipe à época. O time canarinho terminou a fase de grupos com duas vitórias e um empate.
O Uruguai, por sua vez, havia enfrentado somente a Bolívia pelo grupo 4 da competição. O placar do jogo foi uma sonora goleada por 8 a 0 para os uruguaios.
Classificadas para o quadrangular final do torneio, as seleções brasileira e uruguaia tinham como adversárias a Espanha e a Suécia.
Brasil avassalador, Uruguai guerreiro
No início do quadrangular final, o Brasil goleou a Suécia, por 7 a 1, em jogo disputado no Maracanã. No segundo confronto, a
Com os resultados, o Brasil somava quatro pontos conquistados em dois jogos - à época, a vitória valia dois pontos - e liderava o quadrangular final.
O Uruguai, por sua vez, havia empatado a primeira partida da fase final com a Espanha, por 2 a 2, no Pacaembu, em São Paulo. Já no segundo jogo os uruguaios se superaram com uma virada sobre a Suécia nos minutos finais da partida. Eles venceram por 3 a 2, novamente no Pacaembu.
Assim, a Seleção Uruguaia somava três pontos e ocupava a segunda colocação do quadrangular.
A final que não era de fato final
O duelo entre Brasil e Uruguai entrou para a história como final da Copa do Mundo de 1950. No entanto, a partida não era de fato uma decisão do torneio, uma vez que ambas as equipes disputavam a última partida do quadrangular final.
‘Maracanazo’: o capítulo final
Embalada pela invencibilidade na Copa e empurrada por uma torcida que sonhava em ver o país “no topo do Mundo”, a Seleção Brasileira chegava ao Maracanã como favorita ao título.
Os torcedores tinham na partida a esperança de consolidação do país no cenário mundial e acreditavam na vitória brasileira.
E assim, cercada de expectativas e esperanças alheias, a Seleção Brasileira entrava em campo no Maracanã para enfrentar a então bicampeã olímpica e campeã mundial: a Seleção Uruguaia.
Aos dois minutos do segundo tempo, o atacante Friaça, então jogador do São Paulo, abriu o placar para o Brasil.
No entanto, o cenário de festa e celebração começou a ruir poucos minutos depois, com o gol de Schiaffino para o Uruguai. O resultado ainda garantia o título mundial para a Seleção Brasileira, mas os uruguaios seguiram no ataque em busca da virada, empolgados pelo gol que silenciou o Maracanã.
O gol histórico marcado por Ghiggia, que decretou o “Maracanazo” e impôs “pena eterna” ao goleiro Barbosa, foi anotado aos 34 minutos do segundo tempo. Do tento em diante, o que se sentiu foi um absurdo silêncio e uma comoção nas arquibancadas do “Maior do Mundo”.
Com o apito final da partida, o sentimento de incredulidade e tristeza imperou no estádio e pelas ruas do país. Relatos do período apontam que as autoridades, preparadas para premiar os jogadores brasileiros, esqueceram de entregar a Taça Jules Rimet aos novos campeões mundiais.
O próprio Pelé destaca uma passagem junto ao pai, Dondinho, ligada à partida. Segundo o “Rei do Futebol”, Dondinho chorou bastante devido à derrota, o que motivou uma profecia do então garoto Edson.
À época com nove anos de idade, ele prometeu ao pai que conquistaria o Mundial para o Brasil. A profecia de Pelé, de fato, se cumpriu. Não somente uma, mas três vezes - em 1958, 1962 e 1970.
No entanto, a dor do que seria a primeira conquista mundial para o Brasil e em casa perdurou até 2014, quando a Seleção Brasileira sofreu outra derrota marcante: o 7 a 1 para a Alemanha.