O Atlético entra em campo nesta quinta-feira (17), às 19h (horário de Brasília), para enfrentar o Bolívar no temido estádio Hernando Siles, em La Paz, na partida de ida das quartas de final da
Quem conhece bem os dois lados dessa história é o atacante Fabio Gomes. Com passagem discreta pelo Galo em 2022 — três gols e duas assistências em 16 partidas —, o centroavante viveu seu auge recente justamente com a camisa do Bolívar. Entre julho de 2024 e julho de 2025, ele se tornou ídolo da torcida celeste, anotando 23 gols e seis assistências em 42 jogos, além de conquistar o Campeonato Boliviano.
Fabio, atualmente no Mazatlán, do México, conversou com exclusividade com a Itatiaia e analisou o duelo com conhecimento de causa.
“É difícil jogar na altitude. Vai ser muito difícil. O importante é o Galo ir lá e não perder, sendo sincero, porque lá eles são muito fortes. Mas pela qualidade do Atlético, pelos jogadores que eles têm, experiência, voltar para Belo Horizonte com um 0 a 0 está tudo certo”, disse.
O atacante projetou também o jogo de volta. “Lá na Arena, o coro come. Eu sei muito bem disso porque a torcida é embaçada. A torcida do Galo empurra mesmo.”
Para Fabio Gomes, a receita para sair com um bom resultado passa pela experiência e inteligência tática, algo que viu em gigantes brasileiros recentemente ao enfrentar Flamengo e Palmeiras na Libertadores.
“Não tem que perder. Se eles conseguem fazer um gol, eles vão para cima. Não sei o que acontece, dá uma coisa que eles querem sempre fazer mais gols. É jogar com experiência, como Flamengo e Palmeiras fizeram”, opinou.
A expectativa é de casa cheia para a partida entre Bolívar e Atlético. Cerca de 20 mil ingressos foram vendidos para o confronto no Hernando Siles. Segundo Fabio Gomes, os bolivianos miram a conquista da Sul-Americana na temporada, colocando-a à frente do Campeonato Boliviano.
“O Bolívar é um time grande e quando jogava com um time grande lota. A torcida é grande, em todos os lugares que jogam de visitante tem torcedores. Meus amigos que jogam lá me falaram que não estão nem ligando para o Campeonato Boliviano, o foco agora é a Sul-Americana”, contou.
Sobre a temida altitude, Fabio minimizou: “Para mim foi tranquilo, por incrível que pareça. Eu cheguei num dia, no outro já tive que jogar e fiz um gol. Nos outros jogos foi natural, porque estava treinando e adaptado.”
Maturidade após o Atlético
Aos 28 anos, Fabio Gomes olha para o passado no Atlético com uma nova perspectiva. Reconhece que não estava pronto para o desafio na época.
“Eu cheguei muito novo, sem experiência nenhuma. Do jeito que cheguei, fiquei vislumbrado. Cheguei em time grande. Hoje sou bem mais tranquilo, treino para caramba. Estou mais experiente e sei o que quero para a minha vida, os meus objetivos… Antes eu não sabia.”
O centroavante se vê culpado por não ter dado certo no Atlético, mas também destacou a concorrência de Hulk como dificultador na luta por um espaço no time.
“Eu sei que fui culpado de não ter ido mais a fundo no Atlético. Mesmo que a torcida me xingava. Isso não me afetaria hoje, com 28 anos, depois de três anos de artilharia e campeão. Hoje estaria mais preparado.”
“Vamos ser sinceros, a posição que o Hulk jogava era a que eu jogava. Como que vou entrar na posição de um cara que é um monstro? Eu sou fã dele. Eu via ele treinando, era sacanagem. E outra, ele não sai. Ele é embaçado. Era raro ele falar que tinha que descansar.”
Ele revelou ainda que teve uma conversa franca com Paulo Bracks, Chief Sports Officer (CSO) do Atlético, com quem trabalhou no Vasco, sobre a saída do Galo no meio do ano, e disse que mantém gratidão pelo clube mineiro.
“Eu saí pela porta da frente. Falei com o Bracks e ele entendeu a situação. Eu não iria voltar, a não ser se o Cuca me pedisse, mas creio que ele nem sabia da minha existência. Sou muito grato ao Galo, porque depois que fui para o Galo que meu nome começou a surgir mais ainda”, salientou.
Ele também deixou um recado de gratidão a Rodrigo Caetano, ex-diretor de futebol do Atlético, que hoje ocupa o cargo de diretor de seleções da CBF.
“Foi um dos caras que me falaram ‘você tem um potencial incrível, é só você fluir e colocar para fora’. Hoje eu estou vendo isso. Se eu fosse mais novo, estava fazendo muito gol pelo Galo, creio.”
Sucesso repentino em La Paz
A passagem de Fabio Gomes pelo Bolívar foi curta, mas marcante. Contratado em meio à disputa da Libertadores, o atacante precisou se adaptar rápido — e conseguiu.
O primeiro desafio do brasileiro em seu novo clube na Libertadores era contra o Flamengo.
“Joguei de extremo. Eu tinha chegado não tinha nem três dias e já fui para os jogos. Eles colocaram fé em mim. Fui bem esse jogo contra o Flamengo, depois jogamos em casa contra o Flamengo e ganhamos. Nós só não tiramos o Flamengo por causa de um gol”, contou.
Com as boas atuações e especialmente com gols, Fabio Gomes criou uma relação de carinho especial com o clube e a torcida boliviana.
“Foi muito bom na Bolívia, muito especial para mim. Hoje tenho um carinho grande, a torcida não tenho nem o que falar. Me amam muito lá. Fiz por onde. Estava trabalhando, focado, marcando gols e ajudando a equipe.”
Novo desafio no México
Atualmente no Mazatlán, do futebol mexicano, Fabio Gomes já soma quatro gols desde a chegada em julho. A adaptação, segundo ele, foi rápida, apesar das dificuldades do campeonato.
“Todo mundo pensa que é fácil, mas o futebol mexicano é muito difícil, ainda mais no time que eu estou, que não é de expressão. Mas o estilo de jogo daqui é muito forte. É muito contato, é muito físico. Os times grandes têm mais jogadores de qualidade, mas o nosso, que é um pouco mais abaixo, é muita força.”
O trabalho no México foi facilitado pela companhia de Samir, zagueiro brasileiro, ex-Flamengo, que auxiliou Fabio antes de se transferir ao Al-Najma, da Arábia Saudita.
“Quando cheguei aqui foi bem tranquilo. Me receberam muito bem. Foram me buscar no aeroporto e foi bem bacana. Por isso, a adaptação foi um pouco mais rápida.”
Por fim, o atacante revelou que pensa em retornar ao Brasil e que chegou a manifestar seu interesse ao agente André Cury, que cuida de sua carreira. O empresário colocou uma meta ao centroavante.
“Ele falou ‘faz oito gols’. Já estou com quatro, faltam mais quatro. Espero mostrar o Fabio Gomes no Brasil”, concluiu.