Luiz Eduardo Baptista, o presidente do Flamengo, falou sobre a relação com a presidente do Palmeiras, Leila Pereira.
Em entrevista ao Uol, Bap disse que tinha uma relação saudável com a dirigente até um determinado momento. Segundo ele, a única forma de ter uma convivência boa com Leila e se concordar com ela em todos os aspectos.
“A relação com a Leila era muito boa até um determinado momento desse ano. Assim, a relação com a Leila é ótima quando você concorda com tudo que ela quer. Aí a relação é muito boa. Tá certo?”, revelou.
O presidente do Flamengo também destacou sua relação com Júlio Casares, presidente do São Paulo. Segundo ele, o alviverde e o Tricolor Paulista tentam mandar na Libra e excluir o Flamengo das decisões da liga.
“Com o Casares, a gente tem uma relação pessoal, de empatia, e da gente se dar bem de longa data. Tivemos um ou outro estresse aqui, acolá. Eu acho que a discordância em relação a alguns pontos fez com que a gente tivesse momentos de maior tensão ali dentro, com os dois. Mas eu acho que, no caso do Casares, eu sempre tive uma relação ótima com ele. Vem de longa data”, explicou.
“Não é uma relação, do ponto de vista pessoal, ruim. É só uma discordância em relação a uma forma de divisão. E foi potencializado por uma pessoa, isoladamente, que, de alguma maneira, acha que vai mandar na Libra como se fosse dela o negócio. O negócio não é dela”, disse Bap, confirmando que está se referindo à Leila Pereira.
“A gente tem que aprender a concordar e discordar na vida. Quem discorda de você não é necessariamente seu inimigo. Então, assim, e agora eu entendo. Venho de uma formação executiva de construção de valor em um negócio que fui aprendendo ao longo da minha vida profissional de que, olha, você não concordar não faz de você o inimigo dos outros”, completou.
‘Declaração infantil’
Bap ainda comentou sobre a reação da presidente do Palmeiras após o Flamengo mover uma ação judicial pedindo o bloqueio de R$ 77 milhões referentes a pagamentos de direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro.
A mandatária do Palmeiras chegou também a sugerir que o Flamengo se excluísse das competições e jogasse sozinhos.
“Eu acho que é uma declaração infantil. Tentando colocar uma coisa que não é viável. Não existe isso. Quem é que discutiu que quer estar separado? Eu vou repetir pra todo mundo, o Flamengo quer ficar na Libra. O Flamengo nunca discutiu, o Flamengo nunca aventou a possibilidade de sair. O Flamengo, muito antes de todo esse pessoal, defendeu a lei do mandante que trazia pra todos os clubes um valor que eles não tinham até então. Então o Flamengo, muito pelo contrário, o Flamengo foi generoso demais neste processo, pensando na consecução de uma liga futura”, rebateu Bap.
“Agora, alguns só pensam em dinheiro, pensam em tirar vantagem, dedicam mais tempo e energia a aparecer em público, a propagar o seu ego do que, de alguma forma, em trabalhar pelo interesse coletivo. As coisas são como são. Você sabe que vai jogar sozinho? Como que vai jogar sozinho? Onde que se tira essa ideia?”, disse.
Entenda o conflito entre o Flamengo e a Libra
O Flamengo conseguiu, em 24 de setembro, uma decisão liminar na Justiça do Rio de Janeiro para que a Rede Globo depositasse, em juízo, valores referentes ao segundo repasse das verbas de transmissão do Campeonato Brasileiro. As informações são do Estadão.
O montante em questão chega à casa de R$ 77,1 milhões. O primeiro repasse, realizado em 25 de julho, foi de R$ 76,6 milhões. Ainda restam mais duas parcelas a serem pagas neste ano: em novembro, e a outra ao fim do torneio. O contrato dos clubes com a Libra é válido até 2029.
A discordância entre a Libra e o Flamengo se iniciou neste ano. O ponto de atrito entre o Rubro-Negro e a liga se dá em como a entidade divide as verbas de acordo com a audiência das transmissões.
O contrato da Libra com a emissora carioca prevê uma distribuição da seguinte maneira: 40% de maneira igualitária para todos os clubes na Primeira Divisão; 30% de acordo com os resultados esportivos (posição na tabela); e os outros 30% conforme a audiência. Este último, causa a discordância específica do Flamengo.
No estatuto, a Libra destaca a distribuição dos valores da seguinte maneira: “30% (trinta por cento) vinculado à Audiência, calculada de acordo com a porcentagem de audiência de cada Clube Associado sobre o total dos Clubes Associados da Série A, por plataforma de transmissão ou streaming, ponderada pela contribuição de tal plataforma às Receitas de transmissão e streaming, através da seguinte fórmula:
Porcentagem de audiência de cada Clube: (Soma do número de indivíduos que assistiram os jogos ao vivo do Clube como mandante e visitante + 2) / pelo número total de indivíduos que assistiram os jogos da Série A do campeonato na plataforma.”
Vale destacar que o acordo entre Libra e Flamengo foi assinado pelo ex-presidente do clube carioca, Rodolfo Landim. O mandatário deixou o comando do clube no fim de 2024.
O vínculo entre a liga e a Globo, por sua vez, não determina quanto a emissora pagará por cada plataforma que transmite os jogos - seja TV aberta, TV fechada ou pay-per-view. O contrato diz que há uma remuneração na ordem de R$ 1,17 bilhão por temporada da Série A pela compra de todo o direito de transmissão.
O Flamengo entende que o estatuto não é suficiente para determinar o pagamento do percentual determinado à audiência. Assim, sugere que os valores referentes ao repasse sejam divididos de acordo com a quantidade de registros destinados a cada clube no pay-per-view.
Ou seja, se, por exemplo, o Rubro-Negro detiver 35% dos cadastros, então deveria receber 35% sobre os valores de cada parcela da audiência.
Em agosto, o clube carioca propôs uma reunião para debater o tema. No entanto, obteve somente o apoio do Volta Redonda - os demais votaram contra a proposta do Flamengo. Ainda assim, o Rubro-Negro partiu para as vias judiciais apoiado pelo artigo do estatuto da Libra que determina haver unanimidade nas decisões que tratem questões de distribuição de dinheiro.