O futebol brasileiro ganhou olhares atentos de dois nomes de peso da gestão esportiva internacional. Jarrod Dillon, presidente de negócios do Orlando City e do Orlando Pride, e Pedro Araújo, vice-presidente de marketing do clube da MLS, estiveram em Belo Horizonte nesta semana e acompanharam
Em entrevista exclusiva à Itatiaia, os executivos destacaram os aprendizados que os Estados Unidos podem ter com o ambiente das arquibancadas brasileiras e também apresentaram como os clubes norte-americanos buscam se diferenciar em áreas como entretenimento, experiência do torcedor e conexão cultural com a comunidade local.
“Um dos melhores ambientes que já estive”
Com mais de 25 anos de experiência em ligas como a MLB, NFL e NHL, Jarrod Dillon se impressionou com a força da torcida atleticana.
“Foi meu primeiro jogo no Brasil, e assistir ao Galo na Arena MRV foi um aprendizado enorme. Já trabalhei em esportes profissionais nos Estados Unidos por 25 anos e aquele foi um dos melhores ambientes em que já estive. A energia, os torcedores, o estádio… foi tremendo”, afirmou.
Para Dillon, enquanto os clubes brasileiros ensinam pelo calor das arquibancadas, os norte-americanos se destacam pela preocupação em oferecer uma experiência completa. “Nos EUA, pensamos na jornada do torcedor do começo ao fim”, iniciou.
“Desde o estacionamento, a forma como é recebido pelos funcionários, a experiência de comida e bebida, os assentos premium, até as ativações interativas pelo estádio. O resultado em campo não controlamos, mas o que podemos garantir é que todos sejam bem tratados e tenham uma grande experiência, independentemente da vitória ou da derrota”, completou.
Experiências exclusivas e sua relevância
O executivo ainda ressaltou a importância das receitas com hospitality e experiências exclusivas.
“Os ingressos premium são uma das maiores fontes de receita do esporte nos Estados Unidos. As pessoas pagam muito mais por conveniência, proximidade, gastronomia diferenciada e experiências únicas, como visitar o campo antes da partida ou acompanhar uma coletiva de imprensa de perto. É algo que sabemos monetizar muito bem”, disse.
“O clube tem que ser reflexo da cidade”
Se Dillon destaca a experiência de entretenimento, Pedro Araújo reforça o papel cultural dos clubes de futebol.
“Um clube de futebol é uma bandeira de sua cidade, um representante da cultura local. Quando pensamos em engajamento, precisamos avaliar se a comunidade se sente representada em pilares como comida, música e arte”, disse.
O brasileiro, responsável pela estratégia criativa e de marketing do Orlando City, citou práticas que aproximam o clube de sua torcida em Orlando.
“Dentro do nosso estádio, trazemos os melhores restaurantes e pequenos negócios da cidade. Quem vai ao jogo encontra os sabores que já conhece do seu bar ou restaurante preferido. Também trabalhamos sempre com artistas locais em pôsteres e campanhas. Assim, o clube ajuda a comunidade a crescer, gera oportunidades e, ao mesmo tempo, reflete a cultura da cidade.”
Araújo avalia que esse caminho pode inspirar clubes brasileiros em desenvolvimento. “Grandes times do Brasil já têm 100 anos de história e enorme torcida, mas os menores ainda têm a chance de construir essa conexão do zero. O Red Bull Bragantino, por exemplo, pode explorar isso ao criar sua nova identidade. A base de tudo é a comunidade”, destacou.