Mbappé cobra valor bilionário do PSG, que rebate e detona jogador: ‘Lamentável’

‘Batalha’ judicial entre atacante e clube francês se desenrola desde 2023, antes mesmo do astro deixar o PSG rumo ao Real Madrid

Kylian Mbappé, atacante do Real Madrid

O conflito entre Kylian Mbappé e o Paris Saint-Germain ganhou um novo capítulo nessa segunda-feira (17), quando as duas partes se enfrentaram no tribunal trabalhista francês. O caso, que se arrasta desde 2023, agora envolve valores que ultrapassam a casa do bilhão e um conjunto de acusações que expõe a ruptura completa entre o atacante e seu ex-clube.

Mbappé exige € 263 milhões (R$ 1,62 bilhão) por danos relacionados ao tratamento recebido na temporada 2023/24, quando, segundo ele, foi afastado e obrigado a treinar com atletas fora dos planos após recusar a renovação de contrato.

O PSG rebate e reivindica € 440 milhões (R$ 2,71 bilhões) ao alegar prejuízo esportivo e financeiro, incluindo uma transferência de € 300 milhões (R$ 1,85 bilhão) para o Al-Hilal que teria sido inviabilizada pela decisão do jogador de não sair em 2023.

A equipe francesa divulgou também um comunicado oficial, na qual afirma que as ações do astro francês foram desleais e acarretaram prejuízos ao clube.

Como começou o conflito

O desgaste ganhou força no início da temporada 2023/24. Mbappé foi excluído da excursão de pré-temporada do PSG na Ásia e não atuou na primeira rodada do Campeonato Francês. Depois de conversas internas, ele voltou ao elenco principal, mas a relação já estava deteriorada.

O atacante, que marcou 256 gols em 308 jogos pelo clube, deixou Paris no meio de 2024 rumo ao Real Madrid, sem pagamento de transferência. Na Espanha, recebe salário anual estimado em € 30 milhões (R$ 185 milhões).

PSG fala em prejuízo e ruptura de confiança

Durante a audiência, representantes do PSG afirmaram que Mbappé teria ocultado por quase um ano a decisão de não renovar, limitando as alternativas de venda e causando impacto direto na estratégia financeira do clube.

A defesa do jogador, por sua vez, acusa o PSG de exercer pressão moral, afetar seu desempenho físico e emocional e ainda reter € 55 milhões (R$ 339 milhões) em pagamentos pendentes. No total, Mbappé pede requalificação de seu contrato para um vínculo de prazo indeterminado e uma indenização de € 260 milhões (R$ 1,62 bilhão), parte dela por assédio moral.

Segundo sua advogada, o caso afetou profundamente o atleta, inclusive após a ida ao Real Madrid. “Ele acompanha tudo de perto e espera um desfecho rápido”, declarou.

Decisão sai em dezembro

Sem acordo, o processo deve ser concluído em 16 de dezembro, quando o tribunal anunciará a decisão. Até lá, tanto Mbappé quanto o PSG mantêm posições rígidas.

Comunicado do PSG na íntegra

“O Paris Saint-Germain esteve representado hoje perante o conselho de prud’hommes de Paris para fazer reconhecer os prejuízos importantes sofridos pelo clube em razão dos graves descumprimentos do Sr. Kylian Mbappé às suas obrigações contratuais, legalmente vinculantes, e aos princípios mais elementares de boa-fé e lealdade.

O clube deseja recordar que fez tudo ao seu alcance, por mais de um ano, para alcançar uma solução amigável que permitisse a todas as partes avançar, em conformidade com a relação de cooperação e confiança que deve existir entre um clube e seu jogador. Diversas instâncias acionadas no âmbito deste litígio, aliás, encorajaram um acordo, que o clube buscou repetidamente de boa-fé.

Apesar desses esforços, o Sr. Mbappé atacou continuamente o clube em todas as oportunidades, inclusive por meio do procedimento iniciado hoje — situação lamentável para o próprio jogador e para o futebol francês como um todo.

Diante do tribunal, o clube apresentou elementos demonstrando que o jogador agiu de maneira desleal ao esconder, por quase onze meses, entre julho de 2022 e junho de 2023, sua decisão de não renovar o contrato, privando assim o clube de qualquer possibilidade de organizar uma transferência.

O jogador também contestou um acordo firmado com o clube em agosto de 2023, que previa uma redução de remuneração caso ele decidisse sair livre, de modo a preservar a estabilidade financeira do clube após o investimento excepcional realizado.

Essa ocultação, combinada à contestação desse acordo claro e documentado, causou ao Paris Saint-Germain um prejuízo considerável, que o clube pretende ver reconhecido pelas instâncias competentes.

Tal comportamento ilustra, além da indiferença à saúde econômica do clube, uma exploração da confiança que o Paris Saint-Germain lhe concedeu e que o jogador alimentava regularmente por meio de suas declarações, como em 3 de janeiro de 2024, quando afirmou na zona mista do Parque dos Príncipes: ‘Ainda não tomei minha decisão, mas com o acordo que fiz com o presidente neste verão, independentemente da escolha, protegemos todas as partes e preservamos a serenidade do clube para os desafios futuros, o que é o mais importante. Minha decisão é secundária.’

Sobre o pedido de requalificação do contrato para prazo indeterminado, o Paris Saint-Germain reafirma que ele carece totalmente de fundamento jurídico. Os contratos dos jogadores profissionais são contratos a prazo determinado específicos, regidos pelo Código do Esporte e homologados pela Liga de Futebol Profissional, conforme o direito francês e europeu.

O Paris Saint-Germain rejeita também todas as acusações de assédio ou pressão, lembrando que o Sr. Mbappé participou de mais de 94% das partidas oficiais da temporada 2023/2024 — todas as decisões esportivas tendo sido tomadas por um treinador hoje campeão da Liga dos Campeões — e que ele sempre atuou em condições conformes à Carta do Futebol Profissional.

Em direito e em fato, o jogador assumiu compromissos públicos e privados claros e repetidos, que o clube simplesmente pede que ele respeite, depois de ter se beneficiado de condições excepcionais durante sete anos no Paris Saint-Germain.

O Paris Saint-Germain continuará defendendo seus direitos com rigor. Fundamentalmente, trata-se de uma questão de boa-fé, honestidade, manutenção dos valores e respeito à instituição parisiense e aos seus torcedores. Ao mesmo tempo, o Paris Saint-Germain segue na sequência da temporada mais bem-sucedida de sua história, baseada na solidariedade, no trabalho, no espírito coletivo e na primazia do clube sobre qualquer individualidade.”

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Jornalista formado pelo Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH. Já atuou em diversas áreas do jornalismo, como assessoria de imprensa, redação e comunicação interna. Apaixonado por esportes em geral e grande entusiasta dos e-sports

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