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Entenda por que clube de John Textor foi ‘rebaixado’ na Europa

Decisão foi divulgada nesta segunda-feira (11) pela Corte Arbitral do Esporte (CAS)

Crystal Palace venceu o Liverpool nos pênaltis e garantiu a primeira taça da temporada neste domingo (10)

O impasse entre Crystal Palace-ING, Eagle Holding e UEFA foi definido nesta segunda-feira (11) pela Corte Arbitral do Esporte (CAS). A decisão, após discussão de um painel independente, foi por ‘rebaixar’ o Crystal Palace, time que ainda é ligado ao empresário John Textor.

Os ingleses conquistaram a vaga na Europa League pelo título da Copa da Inglaterra. Apesar disso, vai jogar a Conference League - competição de ‘terceiro escalão’ continental. O Lyon, clube do qual Textor também tem ações, disputará a Europa League.

A decisão foi baseada na regra da UEFA em não permitir que clubes do mesmo dono joguem a mesma competição. Com o impasse instaurado, a UEFA definiu que a equipe inglesa disputasse a Conference League, competição de ‘terceiro escalão’.

A permanência do Lyon foi baseada, segundo o informou o próprio CAS, pela melhor colocação no torneio nacional. No fim de junho, Textor anunciou a venda de 43% do Crystal Palace para o empresário Woody Johnson, proprietário do New York Jets, da NFL, para argumentar que os clubes tinham donos diferentes. Mas a Uefa não aceitou.

A outra solução seria congelar as ações de um dos clubes numa empresa independente. Foi o que Evangelos Marinakis, dono do Nottingham Forest-ING e Olympiacos-GRE fez. Por isso, as duas equipes disputarão a Europa League. O Palace não tomou essa decisão até o dia 1º de março, data limite para a ação.

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A ‘Família Eagle’

Em 2022, a Eagle Holding Football adquiriu 90% das ações da SAF do Botafogo, que passou a fazer parte da “Família Eagle”. Outros clubes faziam parte da rede de clubes do grupo: Crystal Palace-ING, Molenbeek-BEL e Lyon-FRA.

A ideia de John Textor para o grupo era a criação de uma parceria colaborativa, desde troca de dados e processos até transferências de jogadores e adoção do “caixa único” dos clubes.

John Textor fundou a Eagle Football, mas cedeu 40% das ações da holding para levantar recursos para a compra do Lyon, dando como garantia as ações do Botafogo e do Molenbeek.

Atualmente, Textor está afastado do comando do Lyon. O clube passa por grave crise financeira e chegou a ter o rebaixamento decretado. Em 9 de julho, com Michele Kang - uma das investidoras para a compra do Lyon - na presidência e Michael Gerlinger como CEO, o clube reverteu a decisão e evitou o rebaixamento.

A decisão do CAS

“A Corte Arbitral do Esporte (CAS) rejeitou um recurso do Crystal Palace FC (CPFC) contra a Uefa, o Nottingham Forest FC e o Olympique Lyon (OL) relativo à decisão da entidade de remover o CPFC da Liga Europa 2025/2026 devido a uma violação dos regulamentos de propriedade multiclubes”, começou a Corte.

“Como resultado, o CPFC será admitido a competir na Liga Conferência da Uefa 2025/2026. O recurso buscava anular a decisão do Órgão de Controle Financeiro de Clubes da Uefa, de 11 de julho de 2025, que considerou que o CPFC e o OL não estavam em conformidade com os regulamentos de propriedade multiclubes”, seguiu.

“Além da anulação da decisão, o CPFC solicitou a readmissão à Liga Europa da Uefa, tendo a admissão do Nottingham Forest ou do OL sido rejeitada. Uma audiência presencial ocorreu na sede do CAS em Lausanne, Suíça, em 8 de agosto de 2025. O Painel do CAS concluiu que John Textor, fundador da Eagle Football Holdings, tinha ações no CPFC e no OL e era membro do Conselho com influência decisiva sobre ambos os clubes na data da avaliação da Uefa”, completou.

O CAS ainda descartou o argumento do Crystal Palace de que teria recebido tratamento injusto em relação ao Nottingham Forest e ao Lyon. “O Painel considerou que os Regulamentos da Uefa são claros e não oferecem flexibilidade aos clubes que não os cumprem na data da avaliação, como alegou o CPFC”, apontou.

Outras polêmicas

Outros clubes de mesmo dono já disputaram a mesma competição europeia. Manchester City-ING e Girona-ESP (ambos do City Football Group) disputaram a última Champions League. Nice-FRA e Manchester United-ING têm o mesmo dono (Sir Jim Ratcliffe) e disputaram a última Europa League. A Ineos, empresta que atua no setor petroquímico, tem ações nos dois clubes.

A Uefa informou que “mudanças significativas na propriedade, governança e apoio financeiro aos clubes, restringindo a influencia dos investidores e o poder de decisão para além de um clube”. Também “transferiram as ações no Girona e no Nice para administradores independentes por meio da estrutura de um fundo cego estabelecida sob a supervisão da Primeira Câmara do CFCB”. Por isso, não houve mudanças nos clubes. O congelamento das ações valeu até o dia 1º de julho.

Palace na Conference League

Enquanto Forest e Lyon estão confirmados na Liga Europa, o Crystal Palace terá de passar pela fase de classificação da Liga Conferência. O adversário será o Fredrikstad, da Noruega, ou Midtjylland, da Dinamarca, nos dias 21 e 28 de agosto.

Leonardo Parrela é chefe de reportagem do portal Itatiaia Esporte. É formado em Jornalismo pela PUC Minas. Antes da Itatiaia, colaborou com ge.globo, UOL Esporte e Hoje Em Dia. Tem experiência em diversas coberturas como Copa do Mundo, Olimpíada e grandes eventos.