Marias de Minas, um dos três maiores coletivos de torcedores LGBTQIAP+ do Brasil, luta há três anos para mostrar que as torcidas de futebol têm espaço para toda a diversidade. Neste 28 de junho de 2022, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, é o primeiro grupo a lançar uma
O Marias de Minas foi criado em 21 de Maio de 2019, como um grupo de WhatsApp, para compartilhar ideias e apoiar os torcedores após um cruzeirense sofrer ataques homofóbicos no Mineirão.
Segundo os organizadores do coletivo, a escolha do nome foi definida com base nos insultos homofóbicos que a torcida do Cruzeiro recebe ao longo dos anos.
“Nosso nome é alvo constante de críticas, pois o termo Maria é utilizado pelos rivais para ofender os cruzeirenses, em uma clara demonstração da homofobia, do machismo e da misoginia no ambiente do futebol. É justamente para combater preconceitos que assumimos esse nome, que não nos dá vergonha, mas, ao contrário, carrega uma rica história de luta e glórias”.
A Itatiaia conversou com Yuri Senna, um dos criadores do Marias de Minas, que nos explicou as principais pautas do coletivo:
Evolução da pauta no futebol
“Ao longo dos anos percebemos que os clubes brasileiros, em especial os mineiros, têm pautado a causa LGBTQIA+ no futebol com mais consistência. Um exemplo disso é já termos feito campanha com o América, o Mineirão e o Independência. O Cruzeiro abriu as portas pra gente em 2020, e participei da campanha do dia do Orgulho. Já nesse ano tivemos um post em colaboração com o Cruzeiro no instagram e uma parceria no Twitter para o dia de combate a LGBTfobia. Hoje, dia do orgulho, uma das ações do Cruzeiro foi repostar uma campanha que fizemos. O Atlético ainda é mais reservado em relação ao diálogo, mas já teve campanhas bem incisivas e importantes. Estamos longe do cenário ideal, mas muito melhor do que estávamos ano passado”.
Bolhas
“Ainda precisamos quebrar bolhas e dialogar com outros públicos. A pauta ainda é muito centrada no diálogo com o torcedor, mas temos que dialogar com todos os agentes desse meio. Com o clube internamente, jogadores, imprensa, órgãos de justiça e federações, e ir educando todos os lados para que o avanço seja efetivo”.
O que deve nos orgulhar hoje no futebol
“Hoje é dia de refletir sobre toda nossa história. Fazendo um recorte no futebol, temos orgulho de ver alguns clubes reconhecendo seus torcedores LGBTQIA+, lançando produtos da comunidade e, claro, vermos o futebol ser cada dia mais um espaço de todas as pessoas e todos os amores.”
Punições
Recentemente, o Cruzeiro foi julgado pelo STJD por cânticos homofóbicos da torcida na partida contra o Grêmio (8/5), pelo Campeonato Brasileiro Série B.
O clube chegou a um acordo com a Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva e não foi punido pelos cantos. Ficou acordado que o clube pagaria multa de R$ 30 mil, sendo R$ 15 mil em medida de interesse social e R$ 15 mil destinado à CBF. Além disso, outras medidas deverão ser adotadas pelo
Utilização da braçadeira de capitão nas cores do arco-íris;
Utilização das bandeirinhas de escanteio nas cores do arco-íris;
Postagens nas redes sociais (cartilha educativa) de combate a LGBTFobia;
Publicação especial no site oficial sobre o tema e no dia do “Orgulho LGBT” – 28 de junho;
Reunião com as torcidas organizadas do clube, para realizar um trabalho de conscientização sobre cânticos, com assinatura de ata e posterior divulgação.
O perfil oficial do Cruzeiro foi às redes se posicionar com diversos posts sobre a causa homenageada na data de hoje (28):
🏳️🌈 No Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, o Cruzeiro dará diversas demonstrações de apoio. Mas, além do apoio, é preciso colocar o dedo em feridas que são criadas por todos nós.
Não tem Dia do Orgulho sem que repensemos como a ausência de respeito machuca repetidamente.
pic.twitter.com/3dXiVgAIet — Cruzeiro 🦊 (@Cruzeiro)
June 28, 2022