Zagueiro aposentado desde o dia 4 de julho deste ano, Dedé trava uma luta judicial com o Cruzeiro desde que pediu rescisão contratual e deixou o clube, em 2021. Com causa trabalhista milionária na Justiça, o agora ex-jogador está inserido no plano de recuperação judicial celeste.
Em entrevista que foi ao ar nesse sábado (26), no programa Bola da Vez, da ESPN, Dedé justificou o seu voto “não” na assembleia de credores do dia 21 de junho deste ano. Esse encontro virtual, por maioria de votos, acabou aprovando o plano de recuperação judicial do Cruzeiro.
“Muita coisa (a receber em prazo longo). É o meu motivo de dar um não (na votação). Porque é seu direito. Se a recuperação judicial atingir quem está para receber mais, não é recuperação”, criticou, respondendo uma pergunta da Itatiaia, convidada a participar do programa.
Valor da dívida
Segundo dados atuais do Plano de Recuperação de Credores do Cruzeiro, Dedé teria a receber do clube de R$ 19.415.858,00.
“O Cruzeiro tinha que ter tentado pelo menos conversar com os atletas, nossos advogados para tentar uma forma mais viável de pagar. Mas, tirar do que a gente tem de direito?”, reclamou.
Apesar da reclamação de Dedé, o Cruzeiro abriu agenda para discutir com os credores os pontos da recuperação judicial do clube.
Dedé na Justiça contra o Cruzeiro
Dedé acionou a Justiça em 2021, quando cobrou R$ 35 milhões por dívidas trabalhistas e multas. Posteriormente, em julho daquele ano, houve um acordo entre as partes, e a dívida foi estabelecida em R$ 16,6 milhões, que deveriam ser pagos em 60 parcelas (cinco anos) de R$ 276.666,66. O último pagamento aconteceria em dezembro de 2026, mas esse acordo não foi respeitado.
“Tanto que o que eu ganhei na Justiça do Cruzeiro foi um acordo. Era um dinheiro maior que eu fiz um acordo com eles, que não acertaram esse acordo, e querem tirar desse acordo feito, onde está tudo esclarecido da melhor forma. Não é pouco, querem tirar muito mais da metade do que a gente tem o direito. Sem conversa, sem nada”, disse.
Com o acordo descumprido, Dedé pediu que a Justiça atualizasse o valor da dívida para mais de R$ 20 milhões, e que a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) cruzeirense fosse incluída no processo como solidária. A atualização monetária ocorreu, mas o pedido de solidariedade da SAF, naquele momento, não.
“Estou lá em casa esperando pelo menos uma ligação de alguém. Nunca tive nenhuma ligação dos caras. Qualquer atleta que tenha um valor um pouco acima da situação, ninguém vai aceitar no formato que querem fazer”, concluiu.
Polêmicas de Dedé no Cruzeiro
Bicampeão brasileiro e da Copa do Brasil pelo Cruzeiro, Dedé teve a passagem manchada no clube com atritos internos e o rebaixamento à Série B em 2019. Desde então, a relação entre jogador, diretoria e torcedores nunca foi a mesma. O defensor teve redução salarial compulsória de 70% com a crise financeira do clube, quando ele já não tinha condições clínicas de atuar. Na Justiça, Dedé fechou um acordo na ordem de R$ 20 milhões em 2021.
Em 2019, Dedé foi apontado pela torcida do Cruzeiro como um dos vilões da campanha do rebaixamento à Série B devido a um problema de relacionamento com o técnico Rogério Ceni. Outros jogadores, como Fred e Thiago Neves, também perderam prestígio e a condição de ídolos.