A Justiça do Trabalho determinou, nesta sexta-feira (26), a reintegração do volante Henrique ao Cruzeiro no prazo de cinco dias - até 31 de maio. A decisão foi assinada pela juíza Hadma Christina Murta Campos e trata associação e Sociedade Anônima do Futebol (SAF) como rés.
O descumprimento da medida, que obriga o Cruzeiro a pagar ao jogador os mesmos salários do último contrato, poderá causar multa diária de R$ 10 mil ao clube celeste. À Itatiaia, em breve contato, Henrique, de 38 anos, disse que não estava ciente da decisão judicial que o reconduziria à Toca da Raposa II.
Henrique ajuizou ação na Justiça do Trabalho em agosto de 2022, quando pediu a reintegração ao Cruzeiro. Num primeiro momento, o pedido foi negado. O meio-campista alega que o clube precisava ajustar o período do vínculo, uma vez que ainda estava em tratamento de lesão quando seu contrato se encerrou, no fim de 2021.
Depois do rebaixamento do Cruzeiro, no fim de 2019, o meio-campista foi emprestado ao Fluminense. Ele retornou à Toca da Raposa, II ainda em 2020 para jogar à Série B. No entanto, ele não se firmou na equipe, muito em função dos problemas recorrentes no joelho.
Em junho de 2020, Henrique sofreu acidente de carro em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O veículo do volante, um Range Rover, despencou de um penhasco no Mirante Jatobá, na estrada para o distrito de Casa Branca.
Henrique no Cruzeiro
Henrique chegou ao Cruzeiro em 2008 e disputou 524 jogos pelo Cruzeiro, sendo 505 oficiais. Ele marcou 27 gols. Desde então, o volante conquistou dez títulos com a camisa azul: dois Campeonatos Brasileiros (2013 e 2014), duas Copas do Brasil (2017 e 2018) e seis Campeonatos Mineiros (2008, 2009, 2011, 2014, 2018 e 2019).
Em 2022, durante entrevista ao site The Players Tribune, Henrique disse ter gratidão pelo Cruzeiro e pela torcida, apesar das muitas críticas recebidas pelo rebaixamento do clube à Série B, em 2019.
“Só que tudo tem um lado bom e um lado ruim. Em 2019, a crise bateu forte. Como capitão, você fica exposto nesses momentos. Salário atrasado há dois meses, quem ia conversar com o elenco? Eu. Cobrar da diretoria? Eu. Dar satisfação pra torcida? Eu. Falar com a imprensa? Eu”, escreveu o volante.
“Tudo certo, é do jogo, mas algumas situações começam a fugir muito do seu controle. No final, capitão é só um cargo simbólico, ele não tem a caneta pra decidir nada. Em mais de 10 anos, eu nunca tinha tido salário atrasado, por exemplo. O Cruzeiro era um clube bem estruturado, mas, de repente, estava muito fragilizado e sem forças para reagir”, complementou.