Auge da carreira, grande estrela do futebol mundial, levando vida de popstar na Itália e dono da camisa 9 da Seleção Brasileira. Assim chegou Ronaldo à Copa do Mundo de 1998, na França. O documentário que conta a história do Fenômeno, lançado nesta sexta-feira (21) no Brasil, começa justamente com imagens do Stade de France, em Paris, minutos antes da final.
“Desde o Maradona em 1982, uma Copa do Mundo não espera tanto de um jogador. Ronaldinho tem a velocidade do Michael Johnson, os pés do Fred Astaire e passa pelo tráfego como os motoristas de táxi de Paris”, dizia um jornal da época e lembrado na obra.
Nos minutos iniciais, o filme mostra a tensão que dominou o estádio com a notícia de que o grande nome do Mundial estaria fora da partida. Pra isso, a obra conta com vídeos das transmissões da época de todo o mundo. Entre elas, Galvão Bueno anuncia que o atacante estava fora.
Logo depois, o narrador anuncia a mudança de última hora na escalação de Zagallo, com a saída de Edmundo para a escalação de Ronaldo. Sem ninguém da imprensa saber da convulsão vivida pelo jogador, a presença é tratada com euforia.
Se o título fosse conquistado pela Seleção Brasileira, a história meteórica vivida pelo atacante já merecia um documentário. Naquela época, ele já tinha sido eleito duas vezes o melhor do mundo mesmo com apenas 21 anos. Mas a derrota, tudo que a revelação da convulsão repercutiria e o drama vivido nos quatro anos seguintes se tornou uma história mais rica para ser roteirizada.
A parte mais reveladora do documentário é justamente sobre o problema de saúde vivido pelo craque horas antes da final. Ao lado de Roberto Carlos, companheiro de quarto, Ronaldo conta as poucas lembranças que tem do episódio. O amigo relata a ele a tensão e o medo do momento.
Com depoimentos do médico do hospital, o filme retrata bem o episódio, além de mostrar o furacão que se tornou a vida do atacante por conta das teorias da conspirações criadas. O camisa 9 até se diverte com as mais absurdas. Imagens da época mostram a irritação com a marcação cerrada da imprensa.
Aqui começam as grandes dificuldades da carreira de Ronaldo. O retorno após a primeira lesão do joelho acontece quando Ronald tem poucos dias de vida. Ao lado da então esposa Milene Domingues, o jogador vivia a euforia de voltar a jogar. Mas a partida contra a Lazio se tornou um pesadelo. Em uma das imagens mais doloridas de se assistir, o Fenômeno rompe o tendão de forma completa. O estalo é relatado por jogadores que estavam em campo.
Mesmo assumindo parte de culpa pela primeira intervenção, Gérard Saillant é escolhido novamente para fazer a cirurgia do craque. O médico diz com todas as letras que não é possível cravar o retorno do atacante, lembrando o drama da época. Um especialista norte-americano chegou a cravar que o retorno era impossível.
O filme mostra imagens da fisioterapia intensiva de Ronaldo, a parte mais dolorida da vida segundo ele mesmo, que buscava ampliar o ângulo de curvatura do joelho. O pentacampeonato, que havia escapado em 1998 era o objetivo em mente.
Após superar desconfiança e até o técnico argentino Héctor Cúper na Inter de Milão, Ronaldo convence Felipão e é convocado para a Copa do Mundo de 2002. O resto da história, artilharia da Mundial e dois gols na final é conhecida por todos.
O Fenômeno, de acordo com ele mesmo durante o documentário, já tinha vencido a Copa do Mundo própria só de participar do torneio após tudo que passou. Mas vencer o pentacampeonato que escapou na França tinha que estar na biografia de um dos maiores atacantes de todos os tempos.