O meia Rodrigo Garro, um dos principais jogadores do Corinthians, tem passado por problemas físicos desde o final da temporada de 2024. Com dores no joelho, o atleta chegou a ser desfalque no jogo de ida da final do Campeonato Paulista, contra o Palmeiras.
A reportagem da Itatiaia procurou o Dr. Marco Antonio de Araújo, um dos sócios fundadores da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE), para entender a situação de Garro.
Segundo o Corinthians, o meia sofre com uma tendinopatia patelar no joelho direito. O atleta tem atuado “no sacrifício”, muitas vezes à base da infiltração, desde as últimas rodadas da Série A do Brasileirão de 2024.
"É importante salientar que a tendinopatia é uma doença que, antigamente, de forma equivocada, chamávamos de tendinite. É uma doença do tendão, que tem momentos inflamatórios, mas no fundo é uma doença crônica degenerativa. Essa doença evolui de forma assintomática na grande maioria das pessoas, mas em algum momento, quando ela causa dor, o profissional que vai tratá-la precisa ter ciência de que muita coisa negativa já aconteceu com esse tendão”, disse Dr. Marco Antonio, que também é sócio proprietário da clínica Arthphysio.
“Houve um fracasso dos processos naturais de cura deste tendão. Em razão da sobrecarga associada à falta de tempo necessária para que ele possa se recuperar dessas lesões, porque o corpo tem mecanismos próprios, essa sobrecarga contínua acaba levando à falha de processos de auto-regeneração. A partir disso, o tendão evolui para uma doença crônica degenerativa e que pode progredir no futuro, caso maltratado e mal conduzido, para uma ruptura”, complementou.
Como tratar?
Segundo o especialista ouvido pela reportagem, o melhor jeito de tratar este desconforto é o conservador, entendendo os mecanismos que causaram a tendinopatia, como fatores biomecânicos e insuficiências musculares.
O ideal é que o jogador faça exercícios graduais e progressivos para estimular a regeneração do tendão, respeitando seus fatores fisiológicos e individuais.
A cirurgia, na visão do Dr. Marco Antonio, tem que ser tratada como a última alternativa do processo.
“A cirurgia é a última estratégia que deve ser utilizada para o tratamento dessas lesões, uma vez que ela não vai corrigir a falha fisiológica ou biológica da lesão e muito menos os desequilíbrios biomecânicos que levaram o tendão a adoecer. A cirurgia é indicada quando todas as modalidades de tratamento conservador fracassarem ou quando o tendão rompe parcialmente ou totalmente. Neste caso, não tem outra alternativa”, disse o fisioterapeuta especialista em ortopedia.
Joga nessas condições agrava o problema?
Rodrigo Garro perdeu o primeiro mês do Campeonato Paulista por conta deste problema no joelho. O meia voltou a atuar no dia 9 de fevereiro, contra o São Bernardo, mas voltou a sentir dores. O jogador chegou a ser preservados de treinos e não atuou contra o Palmeiras, pela ida da final do Paulistão.
Após o Derby do último domingo (16), o auxiliar Emiliano Díaz revelou que o gramado sintético do Allianz Parque foi um fator levado em conta pela comissão técnica para não escalar Garro, pensando em não agravar o problema.
Quando o meia atua, é notório como ele não demonstra estar no seu melhor nível físico e técnico. Em 2025, apesar de ter um gol e duas assistências em nove jogos (seis como titular), Garro é menos participativo e acumula atuações de pouco brilho.
“Existem vários problemas de tentar continuar jogando ou competindo com uma tendinopatia patelar. Existem riscos envolvidos para o próprio desempenho do atleta. Então, quando a gente tem dor, uma dor contínua em algum lugar do corpo, o corpo muda o planejamento do movimento. Ou seja, há um mecanismo natural de autoproteção, de autopreservação, e aí começa a ter a inibição de alguns músculos para que um sistema de compensação biomecânica possa proteger o jogador e diminuir a sobrecarga nessa região machucada. Isso leva à sobrecarga de outras estruturas, de outras partes do corpo. Resulta em um novo planejamento de movimento que pode ocasionar lesões em outras regiões”, opinou Dr. Marco Antonio.
“E para o próprio tendão, há o risco de insistir em competir com esse tendão doente, levar ele a um estado de falência total, falência biológica, que pode acabar tendo um desfecho de ruptura completa. Nesse caso, precisaria de cirurgia”, adicionou.
Tempo de recuperação
O tempo de recuperação para a tendinopatia patelar no joelho depende do estágio da lesão. Segundo o Dr. Marco Antonio, uma contusão de grau moderado leva em média oito a 12 semanas de tratamento, tendo em vista uma reabilitação completa.
Garro, por exemplo, perdeu a pré-temporada e as primeiras sete rodadas do Campeonato Paulista para tratar da lesão no joelho, mas não se recuperou completamente.
Fato é que, na visão do especialista, o esporte de alto rendimento, com práticas diárias, pode dificultar a adesão ao tempo necessário de recuperação e agravar ainda mais o problema, como dito anteriormente.
Próximos passos
O Corinthians trabalha para ter Garro disponível no segundo jogo da final do Estadual, contra o Palmeiras. O clube entende que essa parada gerada pela Data Fifa pode ser importante para sua recuperação.
O duelo contra o Verdão será disputado no dia 27 (quinta-feira), na Neo Química Arena. Com a vitória por 1 a 0 na ida, o Corinthians joga pelo empate no Derby decisivo.
Depois da final do Paulista, o Timão terá pela frente o Bahia no domingo (30), pelo Campeonato Brasileiro, e o Huracán no dia 2 de abril (quarta-feira), pela Copa Sul-Americana.