No projeto inicial planejado pelo arquiteto Bernardo Farkasvölgyi, a Arena MRV teria capacidade para até 60 mil torcedores. Em entrevista concedida à Itatiaia neste sábado (26), o profissional explicou que uma mudança imposta pela Prefeitura de Belo Horizonte impediu que o desejo inicial fosse concretizado. O novo estádio do Atlético poderá receber cerca de 45 mil torcedores.
No início das discussões com o poder executivo municipal, ainda sob a gestão de Márcio Lacerda, a construção seria feita com base na “Operação Urbana Simplificada” (OUS). Esse modelo flexibiliza os parâmetros urbanísticos e é usado nas principais cidades no mundo.
“Na realidade, a gente começou o projeto para 60 mil pessoas. No andar do projeto, ele reduziu para 55 mil. Nesse projeto tinha um shopping junto. Depois, o shopping saiu e entramos com o centro de convenções. Todo esse procedimento estava sendo conversado na Prefeitura como uma operação urbana simplificada, que é fantástico. Você pode flexibilizar parâmetros urbanísticos em função da importância do empreendimento. É uma coisa consagrada no mundo inteiro”, disse Bernardo Farkasvölgyi.
Além do estádio para cerca de 60 mil pessoas, o projeto incluía um shopping, posteriormente substituído por um centro de convenções. Uma mudança imposta após a eleição de Alexandre Kalil impediu que a capacidade fosse a desejada inicialmente, assim como impossibilitou a construção de outros empreendimentos.
Se a gente tivesse mantido a ideia da operação urbana simplificada, teríamos uma capacidade maior. Com certeza.
Nesse momento, a PBH comunicou ao Atlético que não mais utilizada a OUS, mas a “Lei de Uso e Ocupação do Solo”. De acordo com o arquiteto, a nova gestão “entendeu que o estádio estava muito grande para aquele local”.
“O que chegou para mim depois de um ano em que a gestão do Alexandre (Kalil) é que, se a gente quisesse fazer a Arena, teria que ser com base na Lei do Uso do Solo. Foi uma audiência pública. Eu fui para o escritório completamente apavorado. Pensei que o projeto da Arena poderia cair. Todo mundo sabe que lá tem nascente, tinha uma APP (área de preservação permanente)”, explicou.
Após novos cálculos feitos para adequar a obra à “Lei de Uso e Ocupação do Solo”, a capacidade foi reduzida para 40 mil torcedores. Em novas negociações, foi possível chegar aos cerca de 45 mil torcedores permitidos neste momento. O shopping e o centro de convenções projetados inicialmente também não foram construídos.