O Atlético anunciou, nesta terça-feira (11), a entrada na Liga do Futebol Brasileira (Libra). Anteriormente apalavrado com a Liga Forte Futebol (LFF), o Alvinegro optou pela mudança e fechou acordo com o grupo que tem como investidora a Mubadala, um dos principais fundos de investimentos de Abu Dhabi.
O Atlético defende a mudança para a Libra. De acordo com o clube, a perspectiva de ganhos financeiros maiores a longo prazo pesaram na troca de lado.
“Foram três os motivos que nos levaram a optar pela Libra. O primeiro deles é financeiro. No nosso entendimento, a oferta da Libra no médio-longo prazo é bastante superior à oferecida pela LFF. Vamos aos números. A LFF propõe um valor de cerca de R$ 200 milhões por 20% dos direitos, enquanto a Libra propõe R$ 100 milhões, arredondando, por 12,5% dos direitos”, disse à Itatiaia André Lamounier, diretor de comunicação do Atlético.
Os valores apresentados pela Liga Forte Futebol são maiores num momento inicial. Mas, na visão do Atlético, a chance de ter um maior percentual para negociar futuramente foi vista como crucial para a mudança para a Libra.
“Numa primeira análise, precipitada, pode-se achar que o valor da LFF é maior do que o da Libra. Mas não. Nós entendemos o seguinte: se esse negócio hoje tem um valor significativo, quanto valerá daqui alguns anos? O contrato é de 50 anos, vamos lembrar disso. O futebol brasileiro, um dos maiores ativos esportivos do mundo, bem gerido, gerido por uma liga, o que vai valer no futuro? Nós achamos que é melhor preservar um percentual melhor para a frente do que vender toda a participação de 20% no momento”, completou.
O segundo motivo apresentado por Lamounier é a força dos times da Libra no cenário nacional. O Atlético acredita que um eventual comprador pagará mais na negociação com clubes que dão mais audiência.
“O segundo motivo é porque no bloco da Libra, indiscutivelmente, estão os clubes de maior torcida do Brasil: todos de São Paulo, um do Rio de Janeiro, um do Rio Grande do Sul, um da Bahia. Se o Galo, que é um time de massa, de grande torcida, pode estar junto desse grupo, a gente entende que a entrada do Galo fortalece a Libra e também a Libra fortalece o Atlético. Na hora de negociar os direitos de transmissão, a gente acredita que um eventual comprador pagará mais, por exemplo, para este bloco do que para outro bloco, formado por times de menor audiência”.
O diretor de comunicação do Atlético diz que o valor de arrecadação do clube a longo prazo será muito maior assinando com a Libra.
“O terceiro motivo, eu diria, é quase uma junção dos outros dois. O dinheiro a longo prazo, o dinheiro ao longo dos 50 anos, o dinheiro que estará na mesa ao longo desse período é muito superior ao de hoje, de curto prazo. Ou seja, numa perspectiva futura, o clube vai ter ganhos financeiros muito superiores do que aqueles que a gente acredita que hoje teríamos se fizesse parte da Liga Forte Futebol”, disse.
Lamounier destacou, por fim, a distribuição igualitária nos dois modelos de liga apresentados no Brasil. Ele exaltou a importância da LFF nesta conquista.
“Em relação à questão da distribuição, é uma questão superada. Todas as duas ligas chegaram ao mesmo modelo de distribuição, que é de cerca de 3.2 entre o maior e o menor. Há de se ressaltar a importância da Liga Forte Futebol para que isso acontecesse. Foi graças à LFF que a Libra cedeu da proposta inicialmente feita e chegou-se a esse entendimento que nós achamos que é mais justo e mais equilibrado”, concluiu.
Libra
A Libra, formada por 15 clubes, defende um período de transição da seguinte forma: 40% das receitas igualitárias, 30% por performance e 30% por engajamento. Depois do período de cinco anos, os percentuais ficariam: 45% de maneira igualitária, 30% por performance e 25% por engajamento.
Liga Forte Futebol do Brasil
A LFF atualmente é formada por 25 clubes: ABC, Athletico-PR, Atlético, América, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sport, Vila Nova e Tombense.
Esse bloco propõe que a diferença máxima entre o clube que mais recebe e o que menos recebe seja de 3,5x desde o princípio, sem um período de transição. No modelo final, essa diferença seria de 1,4x. Os blocos de repasse seriam os mesmos da Libra:
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45% da arrecadação dividia igualmente;
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30% conforme a performance da equipe;
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25% baseado em audiência.
Na simulação de divisões da LFF, o Flamengo (1º faturamento) faturaria R$ 225,46 milhões, enquanto o América (20º faturamento) receberia R$ 116,03 milhões – considerando os times da Série A – o que corresponde a 1,4x menos.
A longo prazo, a ideia da LFF é se aproximar de ligas já estabelecidas e mais igualitárias, sempre citando a Premier League. Isso porque o futebol inglês, desde a unificação em uma liga no começo dos anos 1990, trabalha com menor distanciamento entre as arrecadações – a proporção atual está em 1,5x.
Como é a divisão de times por blocos
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Libra: Atlético, Bahia,
Corinthians , Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo e Vitória. -
LFF: ABC, Athletico, América, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás,
Internacional , Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sport, Vila Nova e Tombense.