A direção da Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol) enviou ofício à CBF cobrando informações sobre o repasse do direito de arena aos jogadores que disputaram a Série B do Campeonato Brasileiro em 2023. Até agora a entidade sindical não conseguiu fazer o pagamento do valor que é devido aos atletas.
Segundo o presidente da Fenapaf, Alfredo Sampaio, a CBF fez em 6 de dezembro um depósito para a Fenapaf de R$ 7,3 milhões, quantia que deve ser distribuída a todos os jogadores que participaram da Segunda Divisão em 2023. Mas não especificou qual a cota de cada clube, portanto fica impossível transferir o dinheiro.
“Os atletas têm me ligado, cobrando, eu peço paciência. Mas não receberam. Houve o afastamento do Ednaldo [Rodrigues, presidente da CBF]. Eu já havia mandado ofício par o interino, o Perdiz, mas a CBF entrou em recesso de final de ano. Esperamos resolver agora”, disse Sampaio à Itatiaia. Ele se referiu a José Perdiz de Jesus, que comandou a CBF entre 7 de dezembro e 4 de janeiro por decisão judicial.
Sampaio disse que ligou na segunda-feira (8) para Ednaldo Rodrigues, o presidente da confederação que reassumiu o cargo na semana passada, mas que ele não pôde entrar em detalhes porque recebia uma comitiva da Fifa na sede da entidade, no Rio. E que prometeu resolver a situação até esta quarta-feira (10).
Segundo Sampaio, o pagamento em 6 de dezembro já foi feito com atraso. Normalmente o repasse é feito com base no fluxo de dinheiro que entra na CBF a respeito dos acordos de direito de transmissão. Para a edição de 2023 da Série B a CBF fechou com a empresa de marketing esportivo Brax, que vendeu para a Band, em TV aberta, e Grupo Globo, para TV fechada (SporTV) e pay-per-view.
“Pela lei, temos que repassar para os jogadores até 72 horas depois de receber o dinheiro, mas não conseguimos por essa questão da divisão de cotas. X tem que ir pro Vitória, X pro CRB, e assim por diante”, disse Sampaio.
Procurada, a CBF ainda não se pronunciou sobre o assunto.
O valor do contrato da Série B em 2023 foi de 193,2 milhões, segundo apuração da Itatiaia. O direito de arena corresponde a 5% desse valor, ou seja, a CBF deveria ter repassado R$ 9,6 milhões para o sindicato de atletas.
O que é o direito de arena
O direito de arena é pago a um grupo de atletas que teve sua imagem transmitida por sua participação nas partidas de futebol. O valor, segundo a legislação, é de 5% do contrato entre a entidade de prática desportiva (clube ou federação) e os canais de distribuição das imagens do jogo (emissoras de televisão, rádio e streaming).
Esse percentual é entregue aos sindicatos que representam os atletas para que seja distribuído de maneira igualitária entre aqueles que participaram da partida, inclusive aos que ficaram como suplente e não jogaram.
É diferente do direito de imagem, que é um contrato feito entre o clube e o jogador e, normalmente, faz parte da composição salarial. Tem profissionais que recebem via direito de imagem, por meio de empresas, e outros que recebem apenas com carteira de trabalho assinada por meio da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).