Convocadas pela técnica Montse Tomé, as jogadoras da Espanha chegaram nesta terça-feira (19) ao hotel da delegação, em Madrid, mesmo após manifestarem boicote à Seleção. A convocação é válida para os jogos da Liga das Nações Feminina.
Em sua chegada, Misa Rodríguez foi cercada pela imprensa. Questionada se estava feliz pela convocação, a goleira do Real Madrid foi objetiva: “Não”. Alexia Putellas, craque da Espanha e do Barcelona, foi o alvo de jornalistas antes do embarque. Questionada sobre como estava se sentindo, a campeã mundial também foi curta em sua resposta: “Mal, como vou me sentir?”.
Ao todo, 23 atletas foram chamadas para disputar a competição. Entretanto, 19 delas haviam assinado um manifesto na última semana, onde abriam mão de atuar pela Seleção Espanhola até que mudanças estruturais sejam feitas na federação.
No total, 21 das 23 campeãs mundiais da Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia assinaram o documento, após o beijo forçado do ex-presidente da RFEF, Luis Rubiales, em Jenni Hermoso.
Apoio das adversárias
Nesta segunda-feira (18), quando tomaram conhecimento da convocação, as atletas emitiram outro comunicado, onde afirmaram que continuam se considerando como não selecionáveis. As convocadas irão para Oliva, onde se reúnem antes de partir para o destino final nesta quinta-feira (21), em Gotemburgo, na Suécia.
Diante da situação, as jogadoras receberam o apoio da sueca Filippa Angeldahl, que está no mesmo grupo da Espanha na Liga das Nações.
“Elas têm de sentir o apoio à sua volta, que outros países as apoiam nas suas decisões. Se acham que devem boicotar para que algo aconteça, é claro que as apoiamos”, comentou em coletiva de imprensa.
Punição
Conforme informado pelo jornal Sport, as jogadoras procuraram profissionais jurídicos e sindicais para tratar da situação. Após a consulta, foram orientadas a se apresentarem.
A legislação esportiva espanhola sugere que atletas que recusarem uma convocação para a seleção nacional sem uma justificativa razoável estarão sujeitas a punições. Financeiramente, as sentenças podem chegar aos 30.000 euros (cerca de R$ 155.600). Além disso, também há a possibilidade de suspensão de dois a cinco anos.
“Se as jogadoras não comparecerem, infelizmente para elas o Governo vai aplicar a lei. Eu nunca gostaria de fazer o que teria de fazer, mas lei é lei”, afirmou Víctor Franco, secretário de Estado do Esporte.
Por outro lado, o ministro da Cultura e dos Esportes, Miquel Iceta, afirmou durante pronunciamento que existem outras maneiras de contornar a situação, sem que as punições sejam necessárias.
“Nem imagino (punir as jogadoras), vamos encontrar soluções mais cedo, o que não podemos é continuar a cometer injustiças e a prejudicar as jogadoras”, afirmou.
“O presidente do Conselho Superior do Esporte (Víctor Franco) vai trabalhar na procura de uma solução”, acrescentou. “Que (a federação) corrija todas as deficiências desta convocação atípica, que mude as estruturas federativas para que seja um espaço de segurança, competitividade e profissionalismo a que as jogadoras têm direito”, concluiu.
Estreia na Liga das Nações
Nesta sexta-feira (22), a Espanha enfrenta a Suécia e, em seguida, a Suíça no próximo dia 26 (terça-feira). A Liga das nações concede vaga para a Olimpíada de Paris, torneio que a Seleção Espanhola nunca participou.