(1982-1986-1990-1994-1998)
Pode não ser agradável de assistir, nem empolgar quem se emociona com o futebol arte, mas Lothar Mathäus consagrou um estilo aguerrido e obcecado pela eficiência em campo que derrubou muita seleção que jogava bonito - com a ajuda de alguns carrinhos, inclusive.
O meia Mathäus era um marcador implacável, tinha uma arrancada potente, organizava o ataque e empilhava recordes: é quem mais vezes entrou em campo em mundiais (25) e é um dos raros atletas a disputar cinco Copas (1982, 86, 90, 94 e 98).
Na primeira, fez duas partidas com o time derrotado na final pela Itália.
Em 86, já respeitado entre os grandes, teve a ingrata missão de marcar Maradona na final e amargou o bi-vice.
A Copa da redenção
Em 90, Matthäus começou anotando dois golaços contra a Iugoslávia de fora da área. Como capitão, levantar a taça semanas depois, na final contra a Argentina, representou mais que uma revanche pela derrota de 1986. Com a icônica camisa branca com detalhes geométricos nas cores da bandeira, a Alemanha Ocidental jogava a última Copa antes da unificação e se tornava tri como Brasil e Itália. Mathäus afirmou que a noção de trabalho em equipe foi fundamental para a conquista e admitiu que os 23 jogadores não eram exatamente amigos.
Erguer a Copa do Mundo representou ali o triunfo do futebol vigoroso, metódico e incansável rejeitado pelos artistas dos campos. Com o gesto, Matthäus mexia com o orgulho de uma nação fraturada que meses antes via ruir o Muro de Berlim (1989) e prenunciava a reunificação das Alemanhas (1991). Futebol e política, sim.
“Nunca fui um artista da bola ou jogador genial; era apenas obcecado pela eficiência”, afirmou certa vez. Verdade que não o impediu de ser o único alemão até hoje escolhido como melhor do mundo pela FIFA (1991).
Em 94, a Fußballnationalmannschaft caiu nas quartas para a Bulgária de Stoichkov, e em 98 uma Alemanha envelhecida foi derrotada, também nas quartas, por 3 a 0 pela Croácia de Suker.
O estilo duro e sagaz foi impresso na revista Placar em uma piada que perdurou até 2014: se o carrinho fosse abolido da regra, nunca mais a Alemanha ganharia uma Copa.
Mathäus cultivou a fama de encrenqueiro e egocêntrico com o estilo ríspido de marcar e discutir com adversários. Coleciona desafetos - um deles, o ídolo Klinsmann, a quem tentou derrubar do comando da seleção quando se tornaram treinadores.
Multicampeão como jogador (sete Bundesliga pelo Bayern, um italiano e uma UEFA pela Internazionalle), e ídolo absoluto para as duas torcidas, teve passagens truncadas e decepcionantes como técnico por times e seleções sem expressão. Em 2006, foi anunciado pelo Atlético/PR. Logo brigou com a diretoria e seu intérprete, pegou um voo para casa sem avisar e deixou Curitiba invicto, com seis vitórias e dois empates. Arroubos de um astro que, como poucos, sabia construir e destruir jogadas.
Ficha técnica
NOME: Lothar Herbert Matthäus
NASCIMENTO: 21 de março de 1961
LOCAL: Erlangen, Alemanha
ALTURA: 1,74 m
Histórico nas Copas
20/06/82 Alemanha Ocidental 4x1 Chile
25/06/82 Alemanha Ocidental 1x0 Áustria
04/06/86 Uruguai 1x1 Alemanha Ocidental
08/06/86 Alemanha Ocidental 2x1 Escócia
13/06/86 Dinamarca 2x0 Alemanha Ocidental
17/06/86 Alemanha Ocidental 1x0 Marrocos (1 gol)
21/06/86 México 0x0 Alemanha Ocidental
25/06/86 França 0x2 Alemanha Ocidental
29/06/86 Argentina 3x2 Alemanha Ocidental
10/06/90 Alemanha Ocidental 4x1 Iugoslávia (2 gols)
15/06/90 Alemanha Ocidental 5x1 Emirados Árabes Unidos (1 gol)
19/06/90 Alemanha Ocidental 1x1 Colômbia
24/06/90 Alemanha Ocidental 2x1 Holanda
01/07/90 Alemanha Ocidental 1x0 Tchecoslováquia (1 gol)
04/07/90 Alemanha Ocidental 1x1 Inglaterra
08/07/90 Alemanha Ocidental 1x0 Argentina
17/06/94 Alemanha 1x0 Bolívia
21/06/94 Alemanha 1x1 Espanha
27/06/94 Alemanha 3x2 Coreia do Sul
02/07/94 Alemanha 3x2 Bélgica
10/07/94 Bulgária 2x1 Alemanha (1 gol)
21/06/98 Alemanha 2x2 Iugoslávia
25/06/98 Alemanha 2x0 Irã
29/06/98 Alemanha 2x1 México
04/07/98 Croácia 3x0 Alemanha