O cantor sertanejo Gusttavo Lima teve a prisão preventiva decretada, nesta segunda-feira (23), pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). O artista é alvo da Operação Integration, a mesma que prendeu a influenciadora Deolane Bezerra.
Na decisão, a juíza Andrea Calado da Cruz afirma que o cantor tem uma relação financeira suspeita com acusados de integrar o esquema de lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais. A operação policial investiga donos de “bets” e demais acusados de participarem da organização criminosa.
Segundo Cruz, “o jogo do bicho, assim como outros jogos de azar, tem um efeito devastador sobre famílias”. Para a magistrada, os jogos de azar atingem “de forma mais cruel a classe trabalhadora, que se vê presa em ciclos de endividamento e desespero”. Ainda sobre as “bets”, a juíza afirma que elas “corroem o tecido social, fomentando a desigualdade e a destruição de famílias”.
Na decisão, Cruz também escreve que é papel do judiciário coibir os efeitos causados pelos jogos, sem se deixar “ser influenciado pelo poder econômico ou pelo status social dos investigados”.
A Itatiaia tentou entrar em contato com a defesa do cantor, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.
Irregularidades apontadas:
Segundo a investigação, a Balada Eventos e Produções, de Gusttavo Lima, ocultou valores recebidos da HSF Entretenimento Promoção de Eventos. A empresa recebeu R$ 9.766.600 da HSF em dois pagamentos (R$ 4,9 milhões em 25/03/23 e R$ 4,8 milhões em 3/4/23).
A empresa de Gusttavo Lima também teria ocultado a propriedade do Aeronave Cessna Aircraft modelo 560XLS, matrícula PR-TEN ao negociá-la por R$ 22,2 milhões com a empresa J. M. J. Participações LTDA, de propriedade do investigado José André da Rocha.
Teriam sido feitos os pagamentos pela aeronave:
- 16/02/2024: R$ 16.000.000,00
- 13/03/2024: R$ 2.000.000,00
- 15/03/2024: R$ 2.000.000,00
- 19/03/2024: R$ 1.564.000,00
- 03/06/2024: R$ 1.113.204,55
- 01/07/2024: dois lançamentos no valor de R$ 1.124.750,56 e R$ 1.101.569,60 e R$ 327.778.58
- Total: 22.232.235,53
A decisão também apontou que o cantou ocultou valores de jogos ilegais da Sports Entretenimento Promoção de Eventos e Pix 365 Soluções tecnológicas, ao guardar em cofre da empresa R$ 112.309,00 (cento e doze mil e trezentos e nove reais), € 5.720,00 (cinco mil, setecentos e vinte euros), £ 5.925 (cinco mil, novecentos e vinte e cinco libras) e U$ 1.005,00 (mil e cinco dólares).
Sertanejo teria ajudado investigados a fugirem
No início do mês, o cantor viajou para a Grécia na companhia de dois suspeitos de participar do esquema de jogos ilegais. Segundo a magistrada, na volta, o avião de Gusttavo teria deixado ambos no exterior.
“Na ida, a aeronave transportou Nivaldo Lima e o casal de investigados, seguindo o trajeto Goiânia – Atenas – Kavala. No retorno, o percurso foi Kavala – Atenas – Ilhas Canárias – Goiânia, o que sugere que José André e Aislla possam ter desembarcado na Grécia ou nas Ilhas Canárias, na Espanha. Esses indícios reforçam a gravidade da situação e a necessidade de uma investigação minuciosa, evidenciando que a conivência de Nivaldo Batista Lima com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade”, diz trecho da decisão.
A juíza considerou a atitude de Gusttavo Lima como uma “falta de consideração pela Justiça”.
"É imperioso destacar que Nivaldo Batista Lima [nome verdadeiro de Gusttavo Lima], ao dar guarida a foragidos, demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça. Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas. A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado”, escreveu Cruz.