A falta de sentido das perdas, o vazio faminto por respostas, a privação das melhores companhias. Poeta premiado, Fabrício Carpinejar escreve sobre o inevitável em seu novo livro. “Manual do luto” (Bertrand Brasil, 143 páginas), 51º livro de sua carreira, traz reflexões sobre o insondável diante da morte.
Cada capítulo funciona como uma carta ao leitor: são notas que buscam confortar quem vive a dor de perdas recentes, inexplicáveis, únicas.
Em linguagem acessível, o poeta quer oferecer afeto e compreensão para mostrar que as boas raízes se multiplicam para construir caminhos. Ao comentar sobre a saudade deixada por idosos que se foram, por exemplo, Carpinejar lembra que eles “representam nossas raízes, com seus tentáculos de ternura espalhados por baixo do chão de nossos princípios”. É como se fossem “raízes que se estenderam dentro de nós e atravessaram nossa personalidade”.
Em entrevista à Itataia, o escritor lembra que “é importante legitimar o espaço da saudade” e alerta: “a maior demonstração de saudade não é o choro, é se pegar rindo sozinho porque aquela pessoa mudou a sua vida”.
Ele duvida dos que dizem que o luto é passageiro. “O luto é para a vida inteira. Cicatrizes não saem da pele, muito menos da alma. Você vai acomodar a dor para doer menos, mas não tem como ela desaparecer”, afirma. “Respeita as lágrimas do outro, não é drama”, adverte Carpinejar.