Márcio André Nepomuceno Garcia, mais conhecido como
Marcinho é cardiopata e colocou marca-passo há quase um ano. Antes de implantar o coração artificial, o cantor recebeu suporte cardíaco por ECMO. “Ele teve uma parada cardíaca e foi prontamente atendido. Entrou em disfunção ventricular grave e, inicialmente, foi colocado um dispositivo de assistência ventricular que se chama ECMO. Esse ECMO é um dispositivo temporário que dá uma assistência circulatória para o coração e pode ser usado para oxigenar, quando há deficiência de oxigenação. Mas isso não pode ficar tempo demais”, explica o professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Renato Bráulio, que participa do mesmo simpósio que a doutora Jacqueline Miranda, cardiologista clínica que acompanha Marcinho.
Como Marcinho não é paciente dele, o também coordenador de Transplante Cardíaco do Hospital das Clínicas (HC-UFMG), explica que não pode dar detalhes do caso. Porém, conta como funcionam os procedimentos. De acordo com ele, a equipe médica implantou no cantor um dispositivo conhecido popularmente como “coração artificial”, mas que não se trata bem de um “coração artificial”.
“Foi colocado um dispositivo que se chama CentriMag - que pode ser usado por mais tempo para assistência ventricular. Não é exatamente um coração artificial, mas é um dispositivo que dá assistência para o coração que está doente”, explica. Geralmente, o paciente pode ficar de três a quatro meses com o dispositivo. “Até no primeiro mês, após o dispositivo ser implantado, se coloca a pessoa na fila de prioridade máxima para o transplante cardíaco, porque conseguindo o coração para ela, você transplanta e resolve todo o problema”, completa o médico.
No Brasil, segundo o professor da UFMG, o coração artificial é pouquíssimo usado. Isso porque o valor é oneroso, custa entre R$ 500 mil e R$ 600 mil. “É um dispositivo que chama HeartMate ou Heart Where, que são os dois mais usados do mundo hoje. É um dispositivo intracorpóreo. Você abre e conecta os tubos ao coração, ventrículo esquerdo e a aorta. Esse HeartMate é um dispositivo que fica debaixo da pele próximo ao diafragma. Ele tem um cabo que sai pela pele para que seja carregado a bateria e o paciente anda com a bateria na cintura o tempo todo e, eventualmente, pode até ficar o resto da vida com esse dispositivo sem transplantar”, esclarece.
“É claro que o objetivo ao colocar esses dispositivos é transplantar, mas alguns pacientes que não tem mais indicação para transplante por causa da idade, por causa de doenças específicas, eles ficam com esses dispositivo como terapia de destino - onde o paciente fica com ele para o resto da vida”, completa. Conforme o médico, a tecnologia melhorou resultados que, inclusive, se aproximam do transplante. Porém, ainda não é igual.
Como está Marcinho?
Ao RJTV, da TV Globo Rio, Jacqueline Miranda, cardiologista clínica que acompanha Marcinho, explicou que o cantor respondeu bem aos procedimentos. “Ele respondeu muito bem, ele está lúcido, cooperativo e em processo de despertar. Tem os exames todos muito bons e a gente considera um sucesso o implante da bomba ontem”, disse na semana passada.
De acordo com ela, as bombas são usadas para fazer o papel do coração. “A gente usa essas bombas quando o coração entra em falência e os objetivos delas é puxar o sangue da articulação e devolver para a circulação fazendo o papel do coração”, finaliza.
Ainda no mesmo dia,
Entenda
O cantor
Conforme o hospital, o procedimento foi realizado “sem intercorrências” e o cantor está “estável e em recuperação”. O artista, dono do hit “Glamurosa”, foi intubado após sofrer uma parada cardiorrespiratória na segunda-feira (10). O caso agravou e
Geralmente, o coração artificial é implantado para estender a vida do paciente até que ele consiga um transplante do órgão. Confira a nota do hospital na íntegra: “O paciente Márcio André Nepomuceno Garcia, internado no Hospital Copa D’Or desde o dia 27/06/2023, foi submetido a cirurgia para implante de coração artificial. O procedimento foi realizado sem intercorrências. No momento segue estável e em recuperação”.
O documento é assinado pela médica Jacqueline Miranda, cardiologia assistente, e o médico Marcelo London, diretor do Copa D’Or.