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João Bosco comemora 50 anos de uma carreira recheada de sucessos

Mineiro de Ponte Nova, o músico compôs clássicos do porte de ‘O Bêbado e a Equilibrista’, ‘De Frente Pro Crime’ e ‘Papel Machê'

Em 1973, há 50 anos, João Bosco lançou o seu primeiro disco, que tinha, como destaque, “Bala com Bala”

Mineiro de Ponte Nova, João Bosco tornou-se conhecido em todo o Brasil justamente porque, ao lado do principal parceiro Aldir Blanc, cantou as mazelas e glórias do país. Em 1973, há 50 anos, ele lançou o seu primeiro disco, que tinha, como destaque, “Bala com Bala”, gravada um ano antes por Elis Regina, a mais exuberante intérprete de seu repertório.

Elis se impressionou com o garoto de Ponte Nova quando, um ano antes, ele dividiu um disco de bolso, que saía no jornal O Pasquim, com ninguém menos do que Tom Jobim. A música de sua autoria era “Agnus Sei”, que condensava misticismo e cultura árabe em um samba brasileiro com forte influência da matriz africana. A mistura inconfundível de João Bosco, com seu violão único e seus vocalizes.

Na sequência, em 1975, ele colocou na praça o histórico álbum “Caça à Raposa”, que trazia clássicos como “O Mestre Sala dos Mares”, “De Frente pro Crime”, “Escadas da Penha” e “Kid Cavaquinho”, regravados, entre outros, por Elis Regina, Maria Alcina, Emílio Santiago e Simone.

Ao mesmo tempo em que falava sobre a desigualdade social do Brasil, João Bosco resgatava personagens da nossa história, como João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata. Mas o maior sucesso do disco foi o bolero “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”, que ganhou uma versão irresistível e sensual de Elis Regina, realçando toda beleza da canção.

Com “Bijuterias”, João Bosco emplacou sua primeira canção numa abertura de novela da Rede Globo, no caso “O Astro”, em 1977, protagonizada por Francisco Cuoco. Dois anos depois, foi a vez do disco “Linha de Passe”, que, além da faixa-título, brindava o país com “O Bêbado e a Equilibrista”.

A música virou um hino de resistência contra a perversa ditadura militar que assolava o Brasil, e estendeu os braços para o retorno dos exilados, como o ativista Betinho, fundador do programa “Fome Zero”, citado na letra como “o irmão do Henfil”, cartunista que, em solo brasileiro, também combatia o regime de exceção.

Dono de uma obra que combina romantismo e consciência social, João Bosco compôs sucessos como “Papel Machê”, “Corsário”, “Incompatibilidade de Gênios”, “Quando o Amor Acontece”, “Ronco da Cuíca”, “Memória da Pele”, “Nação”, e tantas outras e, com meio século de carreira, é um emblema do país que ele tanto cantou, em letras e melodias que nos emocionam mais a cada dia.