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Há 75 anos nascia Vanusa, cantora que foi da Jovem Guarda à luta feminista

Compositora do sucesso atemporal ‘Manhãs de Setembro’, ela também lançou ‘Paralelas’, de Belchior, e ‘Avôhai’, de Zé Ramalho

Vanusa emplacou grandes sucessos no rádio e foi casada com o também cantor Antônio Marcos

Vanusa Santos Flores, com um nome desses a artista não poderia homenagear outra estação senão a primavera. Em 1973, Vanusa, que já era um nome nacional, conheceu o seu maior sucesso autoral com “Manhãs de Setembro”, parceria com Mário Campanha.

A música tocou o ano todo, mas se tornou obrigatória principalmente no mês das flores. A canção levou Vanusa a ser conhecida fora do Brasil, quando ela foi escolhida como revelação feminina no principal festival de música do Uruguai, em 1974.

Antes, ela estreou em disco em 1968, na esteira do sucesso de “Pra Nunca Mais Chorar”, de Carlos Imperial e Eduardo Araújo, com quem Vanusa apresentou o programa “O Bom”, na TV Excelsior, se enturmando com a patota da Jovem Guarda.

Mas Vanusa não ficou restrita ao movimento juvenil capitaneado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa e Ronnie Von, muito pelo contrário. Em 1975, ela invadiu novamente as rádios com “Paralelas”, clássico arrasador de Belchior.

Casada com o cantor Antônio Marcos entre 1972 e 1976, em um relacionamento que movimentou as manchetes das revistas de fofoca, Vanusa interpretou, do marido, as tristes “Sonhos de um Palhaço” e “Como Vai Você”, e cantou com ele sucessos como “Namorada” e “Volte Amor”.

Posteriormente, em sua autobiografia “Ninguém É Mulher Impunemente”, publicada em 1999, revelou agressões sofridas em relacionamentos tóxicos, e lançou canções como “Ser Mulher” e “S.O.S. Mulher”, que se tornaram hinos da luta feminista.

Para completar, Vanusa também foi a primeira a gravar futuros clássicos da música brasileira, como “Mudanças”, de Sérgio Sá; “Avôhai”, de Zé Ramalho; e “Congênito”, de Luiz Melodia, ressaltando o seu pioneirismo e cantando sempre com a alma e o coração. Vanusa se entregava ao cantar, e essa foi a sua grande marca, associada ao domínio da cena.

Nascida há 75 anos, Vanusa morreu em 2020, após uma longa batalha contra a depressão. Criada nas cidades mineiras de Uberaba e Frutal, ela veio ao mundo no interior paulista, em Cruzeiro, e despontou para o Brasil como uma estrela que segue cantando as primaveras. Pois elas sempre vêm.