Não é segredo para ninguém que o estádio do Sport, inaugurado em 1937, carece de uma ampla reforma. Muitos foram já os planos para fazer da Ilha do Retiro uma arena multiuso, com projetos que chegaram e foram embora especialmente na época da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Entre idas e vindas, o fato é que o desejo de voltar a modernizar a casa rubro-negra está na pauta da gestão do atual presidente, Yuri Romão. Eleito no fim do ano passado, o mandatário trouxe como uma das promessas de campanha a meta de fazer da Ilha, enfim, a tão desejada arena. No caso, mais modesta: uma “miniarena”.
Foi assim que Yuri Romão se referiu, em entrevista à Itatiaia, à transformação que pretende implementar no estádio do Sport. “A ideia, de fato, é transformar a Ilha do Retiro numa ‘miniarena’, porque quando falamos de arena falamos de algo maior. A ideia é fazer a reforma para transformar a Ilha numa arena menor, de 30 mil lugares, numa arena multiuso, que possamos ter shows”, explicou.
O estádio rubro-negro tem a capacidade de 34.032 lugares
Para dar sequência à obra, Yuri Romão trabalha com uma consultoria e com uma equipe de arquitetos, que estão concluindo a fase de projeto para o “novo estádio” do Leão. “Esperamos ter a aprovação na Prefeitura [do Recife] até o final do ano”, garantiu.
Investimento milionário e as taxas de juros
De acordo com Yuri Romão, o grande entrave para avançar com a reforma estrutural da Ilha do Retiro está nas finanças. Mais especificamente nas taxas de juros do mercado atualmente. “Hoje temos um limitador que é a questão do juros no Brasil, que estão mito altos”, queixou-se.
“Qualquer assinatura minha, num contrato de financiamento, isso tem um impacto financeiro e o clube não tem a geração de caixa, ainda, que suporte uma taxa dos juros da ordem de 14% ao ano, isso taxa de juros nominal. Se colocar mais a taxa de juros que uma instituição financeira vai querer, estamos falando de um juro na ordem de 20% ao ano”, explicou.
O valor do investimento
O presidente do Sport afirmou que o orçamento para a reforma que levaria a Ilha do Retiro a se tornar uma arena gira em torno de R$ 150 milhões. Bem aquém, por exemplo, do projeto da Arena Sport, que surgiu em meados de 2011, orçado à época em R$ 750 milhões com espaço para 45 mil pessoas. O plano foi abaixo após a empreiteira Engevix, parceira do clube, encerrar o contato. Em seguida empresa acabaria investigada na Lava-Jato em 2014.
Mais modesto, os planos de Yuri Romão dependem, garante ele, essencialmente das taxas de juros. “Se você faz uma conta de padaria, um investimento de 150 milhões no estádio, estamos falando de R$ 30 milhões de juros/ano. Não temos geração de caixa para pagar isso”, disse.
“O que estamos fazendo: estamos dando sequência ao projeto, tenho reunião esta semana com os arquitetos, dando sequência a sua elaboração. E, ao mesmo tempo, a gente vai torcendo para que as taxas de juntos caiam e quem sabe até possamos buscar uma outra fórmula de financiamento para esse empreendimento”, afirmou o mandatário.
O Sport, que mira também a transformação em SAF, não quer esperar até que o processo seja concluído para dar andamento à modernização da Ilha. O clube tem pressa.
“Eu não posso ficar paralisado esperando um investidor de algo que a gente nem tem, não temos SAF, nem aprovação por parte do Conselho nem tampouco do nosso sócio. O que é melhor: dar sequência. Seria um erro a gestão ficar paralisada esperando um investidor. Se o investidor quiser a Ilha, ok; se não, o Sport fica com a ilha o investidor nos paga o aluguel”, argumentou Yuri Romão, que citou exemplo do Coritiba, como pode-se ver no vídeo abaixo.
Reforma “retrofit” na Ilha do Retiro
Em outubro do ano passado, vale lembrar, o clube recebeu visitas de dois grupos de investidores para a Ilha do Retiro. As reuniões marcaram o início das tratativas para que seja realizado um “retrofit” - termo utilizado na engenharia para a revitalização de construções antigas, com a modernização paralela à preservação da arquitetura original – ou de boa parte dela.
A finalidade é a mesma: proporcionar maior conforto e estrutura aos torcedores, além de ampliar a captação de receita do clube com o equipamento. Entre as obras necessárias na Ilha estão a troca de iluminação, a troca do gramado, com possível rebaixamento do solo, e mais acessibilidade nas arquibancadas atrás dos gols.
Para receber o aval da Prefeitura do Recife, entretanto, o Sport precisará atender a novas solicitações do conselho de desenvolvimento urbano (CDU). Uma nova batalha burocrática pela frente - vale lembrar que em 2014, o clube conseguiu o aval da Prefeitura, antes do declínio com a Engevix.
Obras paralelas na Ilha
À espera de avanços para uma obra maior, o Sport entregou em fevereiro passado a requalificação das cadeiras centrais do estádio, com a troca dos 5.400 assentos num investimento de aproximadamente R$ 5 milhões.
Além disso, o clube espera entregar um novo restaurante dentro da sede, já na próxima semana, e trabalha na reestruturação do complexo de tênis, que vai receber quadras de beach tennis – flexíveis para vôlei e futevôlei – e uma galeria que vai contemplar diversos empreendimentos, assim garante o clube. A expectativa para finalização desta área é, agora, para junho.