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Diretor de ‘Angela’ define performance de Isis Valverde como ‘sublime’ e entrega detalhes do filme

Filme que mergulha na história de Ângela Diniz - assassinada por Doca Street em 1976 - estreou nesta quinta-feira (7) nos cinemas

Isis Valverde como ‘Angela’

A atriz Isis Valverde, de 36 anos, é quem dá vida à Ângela Diniz no filme que revisita a história dela. A cinebiografia estreou nesta quinta-feira (7) em todos os cinemas do país e retrata o início da relação da socialite mineira com Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street, que a assassinou em dezembro de 1976 aos 32 anos. Hugo Prata, que dirige o longa, explicou em entrevista exclusiva à Itatiaia que a atriz belo-horizontina sempre foi a sua “Angela” - no filme sem acento.

“Olha, a Isis sempre foi a minha Angela. Quando comecei a desenvolver o projeto, logo apareceu na minha mente a Isis, e caiu como uma luva. Então eu a procurei”, recorda. Conforme Prata, o projeto começou a ser desenvolvido em 2016, logo após ele entregar o filme Elis, que foi lançado naquele ano, mas que a pandemia atrasou o desenrolar dele.

“Procurei a Isis e ela topou na hora. Ficamos esses anos todos em contato. Conseguimos organizar as agendas para ela participar. Sempre admirei o talento dela e, principalmente, a coragem de mergulhar nos mares mais profundos da emoção, da alma feminina. Ela tem que trazer isso de dentro dela. Sem contar a experiência, talento, beleza… Então, estou muito satisfeito pela escolha”, acrescenta.

Conforme Hugo, eles tiveram “sorte” em ter uma atriz “tão pronta”. Ele declara: “ficou sublime a performance dela”.

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O que o filme retrata?

O objetivo do longa é contar como foi o início do relacionamento de Ângela Diniz e Doca Street, refletir sobre culpabilização da vítima, que ainda acontece nos dias de hoje, e expor um lado da “Pantera de Minas” que pouco foi comentado, como a saudade dos filhos e a relação abusiva pela qual sofreu. Afinal, Ângela era mais do que um rosto bonito. Ela era alguém que desejava a liberdade, mas também sofria e era solitária. “O nosso recorte é só a relação deles”, declarou Hugo Prata.

Desta forma, o passado de Ângela, o que ela fez ou deixou de fazer, não serão abordados no longa. “A gente discorda que isso tenha motivado a morte dela, um absurdo esse raciocínio, então o filme vem exatamente combater isso. Como foi a vida da Ângela? Ela tinha direito de ser quem ela quisesse. Todos nós temos, o problema começou no dia em que ela conheceu ele [Doca]. Ela era uma mulher livre, podia ter vivido a vida que quisesse, nada justifica ela ter tomado três tiros no rosto e na nuca. Conscientemente, a gente descartou essa versão de falar da vida dela, se ela ia em festa, se ela não ia em festas, qual era o ambiente que ela vivia. Isso não interessa pra nós. A gente focou em uma relação que se torna abusiva e violenta”, explicou.

O filme começa exatamente no dia em que Angela e Doca se conheceram e termina no dia em que ele a assassina. “Para surpresa das pessoas em geral, isso foi em um período de quatro meses. Eles se conheceram em agosto. Ele matou ela em dezembro. Tem gente que acha que é um romance muito grande, mas é um período curto. Rapidamente eles se apaixonaram e foram viver um louco amor. Aos poucos, a relação foi se degringolando para tragédia que aconteceu. Então a gente descartou a vida dela anterior e descartou também o tribunal”, comenta.

Sem tribunal

A ideia de descartar o tribunal foi estratégica. “Foi lá que ela sofreu todos os ataques à honra, à trajetória dela. Ela já estava morta, sem voz e lá foi dito os maiores absurdos sobre ela. Também não quisemos dar câmara, palco para essa desqualificação, não nos interessa aquele espetáculo ali. Ao contrário, quisemos mostrar de onde ela vinha, como ela estava emocionalmente naquele momento e como que foi alterando a relação”.

“A maioria dos casos de abuso de violência começa com a mulher sempre falando ‘nossa, no começo ele era tão gentil, ele era tão incrível’ e depois que ele começou a ficar violento. Então, o nosso recorte é esse: o dia em que eles se conheceram, a maneira que eles se conheceram em uma festa aqui em São Paulo e termina quando ele a mata”, acrescentou.

Praia da Bahia serviu de cenário

Ãngela Diniz foi assassinada na Praia dos Ossos, em Búzios, na região dos Lagos. No entanto, devido à mudança na região, o filme acabou sendo gravado no litoral da Bahia por causa da preservação do local. “A história se passou em Búzios. A gente foi lá, mas Búzios tá muito descaracterizado em termos de paisagem e de arquitetura, então não se parece mais com a paradisíaca Búzios de 76”, conta.

Por isso, o litoral da Bahia permitiu que eles reproduzissem o cenário ideal para o longa. “A gente fez uma longa pesquisa e acabou se filmando no litoral da Bahia, onde tem uma praia que tá lá toda preservada, vamos dizer assim sem construções, sem poste e comunicação visual. Era essa calmaria que eles buscavam. Para a sociedade era um romance, a Ângela só queria paz”, acrescenta.

Cursou jornalismo no Unileste - Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012 se mudou para a Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.
Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.