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Família de instrutor de autoescola morto após briga de trânsito pede justiça: ‘espero que pague’

Vítima deixa cinco filhos e um enteado; suspeito segue foragido

Alessandro Gomes de Carvalho deixa cinco filhos e um enteado

Alessandro Gomes de Carvalho, de 48 anos, segue no Hospital Risoleta Tolentino Neves, na região Norte de Belo Horizonte, para cumprimento de protocolo hospitalar. O instrutor de autoescola teve morte encefálica e a família precisa aguardar 48 horas para que o corpo - que está conectado a aparelhos - seja liberado e eles possam realizar o velório.

O instrutor foi arrastado no capô de um carro após briga de trânsito. O motorista de um carro do modelo Voyage bateu na traseira do Fiat Moby que ele dirigia e, após Alessandro ameaçar chamar a polícia, ele tentou fugir do local. Foi neste momento que Alessandro se jogou na frente do carro, foi arrastado pelo motorista e depois, supostamente, arremessado. A família busca respostas para entender o que houve de fato com ele, que foi socorrido com hemorragias internas.

Tatiane Gomes de Carvalho, irmã do instrutor, conta que estava em casa na quarta-feira (12) à noite quando soube que o irmão havia sido encaminhado para o hospital após uma briga de trânsito.

No entanto, segundo ela, ele não foi operado enquanto um parente não comparecesse ao hospital. Lorraine, uma das filhas dele que trabalha perto da autoescola, soube do ocorrido e se dirigiu rapidamente ao local. Alessandro já tinha sido submetido a uma tomografia antes da chegada dela.

No local, a equipe médica disse que ele precisava passar por uma cirurgia de urgência na cabeça. Ele foi submetido ao procedimento e, pouco depois, os profissionais descobriram que ele também estava com uma hemorragia na barriga.

“Só que estava com muito sangue. Ele teve que permanecer com a barriga aberta, porque não tinha condições de passar por uma segunda cirurgia”, disse.

Ela explicou que, a partir daquele momento, a família foi orientada a aguardar 48 horas para ver o que poderia ser feito. “Esperamos às 48 horas e ontem, quando eu cheguei lá no horário da visita, que era 11 horas, o médico afirmou com toda a certeza que meu irmão não tinha condições nenhuma de viver. Ele está vivendo por questões burocráticas. Entendeu? Ele está respirando ainda com o tubo, né? Porque ele está com tubo de respirador por questões burocráticas, para cumprir protocolo”, contou.

“Mas ele veio a óbito por morte encefálica, mas ainda não pode desligar tudo, né? Nós estivemos no local hoje, minha mãe esteve no hospital às 11h e eles permitiram seis visitas, sendo que eram só duas. O médico tornou a explicar pra minha mãe que o meu irmão está respirando porque o aparelho está ligado”, acrescentou.

Ela explica que teve acesso ao vídeo do momento que o irmão aparece no capô do veículo, mas esclarece que ele não tinha ferimentos de quem foi esmagado, conforme explicaram os médicos. A hipótese é de que ele tenha sido arremessado. Porém, ela não teve acesso a imagens do momento em que o motorista o arremessa e foge. “Dizem que lá no local existem várias casas que têm câmeras, mas ninguém se prontificou em liberar essas câmeras pra gente”, disse.

‘Muito cruel’

O motorista que arrastou Alessandro Gomes de Carvalho ainda não foi identificado e, agora, Tatiane conta com a ajuda de quem possa ter alguma informação sobre ele.

“Eu acho que ele foi muito cruel, teve uma extensão muito complexa. Está faltando amor, está faltando Deus na vida dele… Pra poder chegar na situação que chegou. Uma briga de trânsito, tirar a vida do meu irmão, sabe? A família está em choque, porque ele veio almoçar, saiu de casa com pressa pra poder ter uma reunião no trabalho e não voltou mais pra casa. Tudo por causa de ignorância no trânsito”, comentou.

“O rapaz fugiu, ninguém sabe, ninguém viu, não sei se no boletim de ocorrência tem a placa, porque realmente, até ontem, eu estava na expectativa de meu irmão ainda se recuperar. Eu espero mesmo do fundo do coração que esse homem seja localizado e pague pela crueldade que ele cometeu porque, além dos cinco filhos que meu irmão tem, ele tem um enteado de oito anos que convive com ele desde os sete”, acrescentou.

Ela, que possui outro irmão, sendo ambos cadeirantes, agora teme por quem irá cuidar da mãe, que é cardíaca. “Meu irmão morava com a minha mãe e a minha mãe é cardíaca. Eu e meu outro irmão somos cadeirantes, porque nós somos três irmãos. Ou seja, quem vai cuidar agora da minha mãe? Minha mãe já sofreu três infartos, colocou cinco stents no peito. E quem vai cuidar dela agora?”, desabafou.

Entenda

Alessandro Gomes de Carvalho seguia pela rua José Lima de Almeida, no bairro Floramar, na região Norte de Belo Horizonte, em Belo Horizonte, com seu Fiat Moby, junto com o seu aluno, quando um carro do modelo Voyage bateu em seu veículo. Na ocasião, ambos desceram dos veículos para tentar resolver o caso de uma forma amigável.

Porém, quando a vítima sugeriu acionar a polícia para um boletim de ocorrência, o suspeito entrou no carro e disse que iria embora. Alessandro então entrou na frente do veículo para impedir a fuga, o motorista arrancou e ele foi arrastado pelo capô até a rua Tomaz Amâncio da Silva. A ação foi registrada por um popular.

A vítima foi socorrida por uma viatura do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), e encaminhada para o Hospital Risoleta Tolentino Neves. O suspeito, conforme testemunhas, era um idoso de cabelo grisalho e camisa azul. Até o momento, ele não foi localizado.

Cursou jornalismo no Unileste - Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012 se mudou para a Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.
Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.