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Caso Nicolas: mãe teria sido aliciada em ‘grupo de mães’ e polícia investiga tráfico de crianças

O inquérito segue em desenvolvimento para concluir se há participação do casal em uma rede de tráfico de pessoas ou se é caso de venda de crianças

A família nega que a mãe teria vendido o pequeno

A Polícia Civil de Santa Catarina investiga o assédio sofrido pela mãe de Nicolas para entregar a criança e se o casal tem envolvimento com uma rede de tráfico de humanos.

Segundo a delegada Sandra Mara Pereira, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de São José, a mãe, de 22 anos, participava de um grupo para ‘mães de primeira viagem’ no WhatsApp, por onde conheceu o casal, e teria entregado o filho espontaneamente.

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“Com o desbloqueio do celular vimos que houve um assédio a vítima para que ela entregasse a criança. Esse assédio se estendeu por dois anos. Ela tem uma fragilidade emocional muito grande”, conta a delegada.

Em coletiva de imprensa da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Governo de Santa Catarina, a delegada Sandra Mara afirma que as investigações ainda estão em andamento e o inquérito segue em desenvolvimento para concluir se há participação do casal em uma rede de tráfico de pessoas ou se é caso de venda de crianças. A família nega que a mãe teria vendido o pequeno.

O bebê foi encontrado nesta segunda (8), em São Paulo, no banco de trás de um carro que pertence a um casal, um homem de 52 anos e uma mulher de 41. Os dois suspeitos foram presos em flagrante na noite de segunda (8) e, em audiência de custódia nesta terça-feira (9), tiveram a prisão convertida para preventiva pela Justiça paulista.

Desabafo

O irmão da mãe, Juliano Gaspar, usou suas redes sociais para comentar sobre o caso e a situação da mãe de Nicolas. Segundo o humorista, a expectativa é de que o bebê volte para casa nesta quarta (10), equipes de advogados foram acionados para tentar acelerar o processo de busca e buscar mais informações sobre o casal.

Autoridades de Santa Catarina embarcaram por volta das 13h para São Paulo para buscar o menino e o trazer de volta à família.

Juliano também esclareceu a situação de sua irmã, que foi reintegrada à família e está recebendo todo o suporte dos familiares, e pede respeito e tempo para que todas as informações cheguem ao público.

“Jamais imaginaríamos que minha irmã estava sendo aliciada desde a gravidez. Muitas pessoas querem culpar ela, depressão é um problema invisível, se não estivermos atentos aos sinais, pode ser que não tenha tempo de ajudar”, salienta, Juliano.

Ainda segundo o tio, a mãe de Nicolas sofreu forte depressão pós parto e foi convencida a entregar o bebê enquanto se recuperava da condição. Após deixar Nicolas com o casal, precisou ser internada.

Investigação

Os investigadores foram claros ao afirmar que ainda não é possível apontar se a mãe da criança foi favorecida por entregar a criança ou se os suspeitos aproveitaram da fragilidade dela para tomar posse de Nicolas. Mas a delegada Sandra Mara Pereira diz que nenhuma hipótese é descartada.

“Precisamos verificar se ela foi ameaçada, se recebeu dinheiro, se houve troca financeira. Só saberemos isso com o avanço das negociações. Ela nega ter recebido qualquer valor em troca.”

Os investigadores aguardam a quebra de sigilo bancário da mãe de Nicolas para avançar nesta frente. A participação de outras pessoas e a existência de uma associação criminosa focada no aliciamento de menores também será investigada.

Nicolas foi entregue aos cuidados do Conselho Tutelar de São Paulo e está em um abrigo na região de Tatuapé. A Justiça catarinense decidiu que a guarda do menino deve ser entregue para a avó da criança, já que a mãe é investigada e segue internada e o pai não é presente na vida do filho.

Formado em Jornalismo pelo UniBH, em 2022, foi repórter de cidades na Itatiaia e atualmente é editor dos canais de YouTube da empresa.