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Cobrar títulos do Cruzeiro SAF é má intenção de quem deve estar com saudade de mamar no clube

Em 2013, 2014, 2017 e 2018, taças nacionais foram marcadas por gastança descontrolada da Raposa

Diversas faixas foram colocadas em Belo Horizonte em protesto contra a administração do Cruzeiro

“Querer não é poder”. O famoso ditado popular se encaixa perfeitamente nas cobranças dirigidas a Ronaldo na manhã desta terça-feira (21) em vários pontos de Belo Horizonte, não se sabe ao certo por quem, pois não há assinatura. Uma delas diz: “Ronaldo, o Cruzeiro é time de futebol, queremos títulos!”.

Em 2013 e 2014, o Cruzeiro foi bicampeão brasileiro em sequência. E a dívida aumentou. Em 2017 e 2018, ganhou o inédito bi da Copa do Brasil, quando se tornou o maior vencedor do torneio. A primeira taça foi erguida na reta final da gestão Gilvan de Pinho Tavares, que recebeu o clube com uma dívida de R$ 100 milhões e entregou com meio bilhão de dívidas.

A temporada de 2018 foi a primeira e única completa do trio Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato no comando cruzeirense.

Esses títulos valeram a pena? Para quem tem um mínimo de raciocínio, é claro que gastar mais do que pode é o caminho para quebrar. E foi isso o que aconteceu com o Cruzeiro. A bola de neve durou mais de uma década. E o final da história é a sequência de três temporadas seguidas na Série B do Campeonato Brasileiro.

Aliás, o Cruzeiro SAF já tem um título. Justamente o da Série B do ano passado, para onde os cruzeirenses jogaram o clube e de onde não estavam conseguindo tirar.

Tenho críticas à gestão Ronaldo, e todo mundo tem. A condução do processo Pezzolano, por exemplo, foi marcada por erros. O torcedor pode não gostar da falta do Mineirão. Existe um certo distanciamento do clube com sua história.

Mas cobrar títulos do Cruzeiro SAF beira o absurdo. Deixa até a interpretação de que é coisa de quem tem como interesse fazer Ronaldo desistir do clube.

Se voltar a brigar pelos grandes títulos, isso acontecerá com o Cruzeiro daqui um bom tempo. O torcedor carrega a esperança de que seja o mais rápido possível. Mas a realidade é que se isso acontecer será quase um milagre.

Se o Cruzeiro SAF conseguir fazer o clube renascer, o torcedor precisa agradecer. A batalha é árdua. A briga para seguir na Série A será dura na maior parte de 2023. Mas cobrar título é uma atitude de quem deve estar com saudade de mamar num clube marcado pelas confrarias, churrascos, peladas e mesas de carteado.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro