Ouvindo...

MP pede R$ 20 milhões de indenização após deslizamento em barragem em MG

Ação pede reparação por danos morais por conta do deslizamento de terra na barragem de rejeitos Casa de Pedra, que causou danos ambientais em Congonhas (MG)

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação na Justiça pedindo uma indenização de R$ 20 milhões para a CSN Mineração S/A, responsável pela barragem de rejeitos Casa de Pedra, que fica na cidade histórica de Congonhas, na região Central de Minas. A condenação por danos morais seria para reparar o município por conta dos deslizamentos de terra registrados em janeiro de 2022.

Segundo a ação, ocorreram deslizamentos de terra na barragem entre os dias 6 e 9 de janeiro de 2022, quando Congonhas recebeu chuvas intensas. As tempestades causaram grande erosão e a terra que foi solta acabou sendo levada para o Rio Maranhão. “A situação era visível de diversos pontos da cidade de Congonhas, o que gerou angústia e preocupação nos moradores da região, que passaram a temer pela segurança de suas casas”, descreve o MPF no documento, que acusa a CSN de ter impedido a entrada da Defesa Civil na área da barragem “até a autorização da diretoria da empresa”. O acesso só teria sido liberado após a Prefeitura de Congonhas entrar com uma ação judicial.

O procurador Angelo Giardini de Oliveira argumenta que a indenização é necessária por dois motivos: dano ambiental (causado pelo deslizamento) e dano socioambiental (causado pelo impedimento de acesso da Defesa Civil). O MPF afirma ter fotos, documentos oficiais, relatos e notícias que comprovam a ilegalidade na ação da empresa, “com consequente exposição da população a risco, causando perda da qualidade de vida e intranquilidade social”.

  • 📲 Já se inscreveu no canal da Itatiaia no Whatsapp? Clique aqui e receba as principais notícias do dia. 🤳🏼

  • ⚠️ Os grupos e comunidades da Itatiaia serão desativados em breve. Por isso, se inscreva no canal pra ficar sempre atualizado.⚠️

MPF pede bloqueio do direito minerário

Além da indenização milionária, o Ministério Público Federal ainda pede que os direitos minerários da barragem Casa de Pedra, em Congonhas, sejam bloqueados na Agência Nacional de Mineração (ANM). A medida não interromperia as atividades mineradoras no local, mas impediria que a CSN transferisse a exploração para outra empresa antes que o passivo ambiental gerado seja pago.

O órgão argumenta que as obras contra erosão realizadas pela CSN não dispensam o pagamento da indenização, que é referente às características do caso específico e o medo causado na população da cidade. Se condenada, a CSN deve repassar os R$ 20 milhões para o Fundo Nacional do Meio Ambiente.

Em nota, a CSN Mineração informou que não oficialmente citada. A empresa argumenta que não possui histórico de qualquer acidente com barragens, mas “se vê envolvida em um espetáculo midiático”. A companhia defende a estabilidade da Barragem Casa de Pedra e afirma que o deslizamento foi um “escorregamento natural”. A CSN também nega que impediu a entrada de agentes da Defesa Civil.

Barragem Casa de Pedra

A barragem localiza em Congonhas armazena mais de 63 milhões de metros cúbicos de rejeitos. O volume é quase cinco vezes maior do que a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (12,7 milhões de metros cúbicos), além de ser maior do que a Barragem do Fundão, em Mariana (43,7 milhões de metros cúbicos). A grande quantidade de rejeitos e a proximidade com a área residencial de Congonhas causam muita preocupação na população, que teme que as cenas vistas em outras cidades de Minas se repitam.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.
Leia mais