Expositores e feirantes de Belo Horizonte denunciam terem sido vítimas de um golpe envolvendo um evento marcado para acontecer no último final de semana, nos dias 9 e 10 de setembro, no bairro Sagrada Família, região Leste da capital, mas que acabou que não sendo realizado.
O Retrô Fest de Primavera seria realizado na avenida Petrolina e, de acordo com banners de divulgação, contaria com espaço kids, espaço gourmet, atrações artísticas e exposição de artesanatos no local.
Entretanto, os feirantes alegam que ao chegar ao local marcado, a estrutura prometida não estava montada, assim como a via não havia sido previamente interditada, o que inviabilizou a realização da feira.
Os expositores alegam que mesmo diante da situação, o responsável legal pelo evento não compareceu ao local e não apresentou soluções para o imbróglio.
Revolta
Vera Rodrigues, uma das feirantes que pretendia participar da festa, relatou que investiu R$ 220 em produtos para serem expostos durante os dois dias, mas relatou que diversas pessoas do ramo alimentício investiram entre R$ 600 a R$ 1 mil para produzir comidas e, com isso, perderam toda a produção.
“Os organizadores ainda não devolveram o dinheiro, estamos pressionando aqui. Não levaram as barracas, como estava acordado, não tinha banheiro químico e nem fecharam as ruas, foi um transtorno”, relata a feirante.
Os feirantes realizaram o pagamento por PIX para um investidor do evento, que alegou ter pagado as pessoas responsáveis pela montagem das barracas, do som e das demais estruturas do evento. Ele foi abordado e questionado sobre o estorno, mas afirmou que já não estava mais com o dinheiro em conta.
“Os feirantes estão revoltados com a má organização do evento, não é sobre ter o dinheiro de volta, tem muita coisa investida. Alguns ficaram acordados até a manhã fazendo doces para expor na feira”, completa.
A Polícia Militar (PM) foi acionada para a ocorrência e os feirantes registraram boletim de ocorrência.
Ataques à produção
A reportagem da Itatiaia entrou em contato com a empresa responsável pela produção e divulgação do Retrô Fest de Primavera, que confirmou que o dinheiro foi repassado para acerto das barracas, mas que, mesmo assim, as estruturas não foram montadas no local indicado.
“Nossa intenção nunca foi de lesar ninguém, trabalhamos por mais de dois meses, acreditando no evento, mas chegando lá o pessoal encontrou o palco desmontado, a avenida não estava fechada, nada”, questionou fontes que preferiram não ter a identidade revelada.
Um dos representantes da empresa foi ao local para tentar conversar com os feirantes, mas os encontrou com os ânimos exaltados, pedindo o estorno do dinheiro e, inclusive, ameaçando o funcionário. A produção chegou a entrar em contato com o responsável legal pela feira, que informou que não poderia comparecer ao local por ‘estar fazendo outra coisa’.
“O evento não aconteceu e a produção está sendo lesada financeiramente e moralmente, estamos sendo acusadas de aplicar um golpe e recebemos ameaças de diversas pessoas”, completa.
Autorização da Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) afirmou que foi autorizada a realização do evento, e que o promotor do evento deveria providenciar a sinalização de trânsito.
“A Prefeitura esclarece que foi autorizada a realização de evento na Rua Petrolina, 410, entre as ruas Paissandu e Cabrobró, no bairro Sagrada Família. A autorização foi nos dias 9/9 - de 10h às 22h e no dia 10/9 - de 13h às 22h. . O promotor do evento é responsável por providenciar e implantar a sinalização de trânsito conforme prevê o Art. 95 § 1° do Código de Trânsito Brasileiro.”
De acordo com o setor de eventos da PBH, mesmo com a autorização prévia para realização, o evento não passou pelo processo de licenciamento. O órgão afirma que o requerimento de autorização não foi enviado em tempo hábil, fazendo com que as autoridades não fechassem o trânsito local, impedindo, assim, a realização do evento.