Vítima de acidente com ônibus da torcida do Corinthians falou com namorada antes da batida

Allan Aguiar, de 31 anos, veio de família corintiana e já tinha o costume de acompanhar o time nas estradas

Allan chegou a falar com a namorada antes do acidente para avisar que horas chegaria em São Paulo

Uma das vítimas do acidente com o ônibus do Corinthians que deixou sete mortos em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, chegou a conversar com a namorada pelo telefone pouco antes do tombamento do veículo. Allan Luiz Sampaio Aguiar, de 31 anos, era soldador, morava em Pindamonhangaba (SP) e já tinha o costume de acompanhar o time nos jogos fora de casa. Ele deixa duas filhas, uma de quatro e outra de sete anos.

O relato foi dado pela tia de Allan, a contadora Estefânia Sampaio Maciel, que contou que o sobrinho sempre dava informações sobre onde estava e quando iria chegar. No dia do acidente, segundo ela, Allan ligou para a namorada avisando que já estava no ônibus e que horas estava programado para chegar em São Paulo. Ele ainda avisou que ela não iria conseguir contato com ele porque o celular estava ficando sem bateria.

“A gente ficava preocupada porque a gente sabe que estrada tem acidentes, mas a gente sempre falava para ter cuidado. A gente sempre soube das viagens dele, de como e quando ele ia, que horas que ele saía de casa, que horas que ele voltava. Ele fez contato com a namorada um pouco antes do acidente e ele falou para ela que ia ficar sem bateria, e depois disso ela não conseguiu mais contato com ele”, lamenta Estefânia.

Corinthians era paixão da família

Apesar do avô são-paulino, Allan sempre foi corintiano, assim como seu bisavô e suas tias. Aos dois anos ele pediu de presente uma blusa do “timão” e, depois de crescido, começou a acompanhar o time do coração nas estradas. A família, segundo Estefânia, sempre apoiou a paixão porque também eram fanáticos pelo Corinthians.

“É uma paixão que você sofre, você quer jogar junto e era isso que ele fazia, a paixão dele era ir nos jogos, ultimamente ele estava indo quase todos, mas se ele não podia, a gente ficava assistindo em casa e era uma festa, parecia que o campo estava em casa”.

A família, agora, não sabe como será acompanhar um jogo de futebol sem a presença do Allan:

“Assistir ao jogo do Corinthians hoje, ver a torcida e saber que ele não tá ali no meio, vai ser muito difícil. É um pedaço da gente que tá indo embora. O Alan é meu primeiro sobrinho, o primeiro filho, o primeiro neto. Parece um filme de terror, um pesadelo daqueles horrorosos que você fala assim, ‘eu vou acordar e isso tudo é uma mentira’”.

Baque da notícia

Allan tinha um irmão, o Allison, e três tias, com quem convivia diariamente, segundo Estefânia. A primeira a ficar sabendo do acidente foi uma das tias, depois que amigos do Allan, que também são corintianos, mas não foram ao jogo, se dirigiram até a casa dela para dar a notícia. Allison, Estefânia e outra tia da vítima ficaram sabendo logo em seguida, e ficaram com a difícil tarefa de contar a notícia para a mãe da vítima.

“Os amigos da torcida que não foram na nessa viagem, quando eles souberam do acidente, mandaram mensagem para o meu sobrinho e acabaram indo na casa da minha irmã. Esperamos a mãe dele acordar, fizemos todo o aparato para que ela, que já infartou duas vezes, então a gente ficou com muito medo, e aí demos a notícia para ela”.

Entrevista feita pelo repórter Ederson Hising

Ouvindo...