Rua Tebas, 859, Alto Vera Cruz, região Leste de Belo Horizonte. É neste endereço que a família de Jânio Lourenço Januário, 62 anos, comanda o bar raiz que ganhou fama e reconhecimento pelo tropeiro, cerveja gelada e preço acessível. O bar do Jânio tem quase três décadas de tradição e atrai clientes de diferentes regiões da Grande BH. Para atender a demanda, são 600 quilos de feijão, 400 de arroz, dez mil ovos e mais de uma tonelada e meia de bacon, linguiça e torresmo por mês.
A história de sucesso do bar é contada na terceira matéria da segunda temporada da série Comida, Boteco e os Segredos da Grande BH.
Jânio toca o negócio com a ajuda da esposa, Vilma Gonçalves, 60 anos, e do filho José Marcos Januário, o Marquinhos, de 40. Jânio conta que o bar começou com o seu cunhado, que se mudou para São Paulo, desistiu negócio e ele assumiu.
“Trabalho com tropeiro tem 25 anos. É sempre cheio todo dia. Aqui não tem dia ruim. O segredo é fazer as coisas com amor e com vontade de fazer aquilo que a gente deseja. A gente até briga dentro da cozinha, porque se sair alguma coisa errada, eu não aceito. Minha mulher não aceita também”, disse o empresário.
Ele conta que a venda de tropeiro começou de maneira despretensiosa, com apenas porções disponíveis na estufa. No entanto, frequentadores começaram a pedir a iguaria para levar. Foi quando ele decidiu a aumentar a produção e a servir almoço.
“Tenho freguês para tudo que é lado. Tenho freguês em Betim, em Santa Luzia, Contagem. Tem gente que liga, pede o tropeiro e vem buscar”, diz Jânio, que não trabalha com delivery. O prato pequeno custa R$ 11 e o grande, R$ 18.
Cachaça e torresmo
Mas nem só de tropeiro vive um bar raiz. Cachaça, torresmo, linguiça e a cerveja gelada fazem parte do cardápio. “Tem o café da manhã com pastel, coxinha, quibe, empadinha, empadão, tem uma linguiça de porco que faço muito boa e uma cachaça da melhor qualidade”, garante.
Consumo
Marquinhos é o responsável pela compra dos produtos e revela a quantidade necessária para atender a demanda. “São 600 quilos de feijão, 400 quilos de arroz, 400 de bacon e 400 de linguiça por mês. Só de torresmo é uma média de 100 quilos por semana. A gente corta e frita tudo aqui mesmo. São 2.500 ovos por semana, faixa de R$ 10 mil por mês. Haja ovo e haja feijão”, brinca o comerciante, que revela o segredo do sucesso.
“O segredo é a mão da minha mãe (dona Vilma). Ela que cozinha, ela que prepara o tempero, ela faz questão de cuidar de cada detalhe; gosta de descascar o alho, o cheiro verde é ela que gosta de escolher. É tudo feito por ela. Ela que comanda a cozinha. Ela é a mestre lá”, diz Marquinhos. Discreta, dona Vilma prefere não conceder entrevista e nem aparecer em fotos.
Não tem comparação
O sucesso do tropeiro conquista diferentes gerações no Alto Vera Cruz. A auxiliar de serviços gerais Doralice Cristina Silva Tomé, 35 anos, estava com a filha Laura, 11, aguardando o tropeiro e o filho mais nova, que chegaria em breve. “Até o bebê de 3 anos come”, brincou.
“Não tem nada melhor do que ser moradora do Alto Vera Cruz e vir no tropeiro do Jânio. É a melhor coisa. Eu vim do Centro de Belo Horizonte, mas prefiro vir aqui almoçar a comer alguma coisa no Centro da cidade. Não tem comparação. Eu acho o melhor tropeiro do Alto Vera Cruz. E não só eu”, diz Doralice. “Acho que o segredo é o jeito que faz. Com carinho, sabe? E não muda. São muitos anos assim”, completa.
Além do tropeiro, Doralice cita outros pontos que podem explicar o sucesso do Bar do Jânio. “Eu como o pequeno e ainda fico satisfeita. Preço bom e cerveja gelada, acabou, já era. É segunda, quarta, sexta... todo dia”, brinca.
O aposentado Devanir Dias de Moura, 71 anos, também frequenta do bar desde a inauguração, em 1995. “Venho sempre para comer o tropeiro. Minha esposa Maria Ângela pega o tropeiro e ainda toma uma cervejinha. O sabor é diferente. É um tropeiro tradicional.
Ouça a matéria aqui:
Serviço Bar do Jânio
Rua Tebas, 859, Alvo Vera Cruz - BH
Horário de funcionamento de 7h30 às 19h (segunda a sábado) e 7h30 às 14h30 (domingo)
O senhor mocotó
Nessa sexta-feira (10), a história do Bar do Divino, comandado por um idoso de 95 anos em Betim, na Grande BH, encerra a segunda temporada da série Comida, Boteco e os Segredos da Grande BH.
Confira outras matérias da série:
Família constrói bar em barranco e atrai clientes até de outros países no Aglomerado da Serra
Bar raiz reúne diferentes gerações há quase 80 anos em Caeté: ‘Tradição’
Edição de áudio: Leonardo Leal/ trabalhos técnicos e de sonorização Ronald Araújo/ vídeo: Naice Dias/ edição de vídeo: Marina Borges/ texto e produção: Rômulo Ávila.