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Biomédica responsável por lipoaspiração de mulher que morreu acumula denúncias de irregularidades

A vítima, de 46 anos, realizou um procedimento estético e faleceu neste segunda (8)

A clínica fica na rua São Paulo, no Centro de Divinópolis

A Vigilância Sanitária de Divinópolis interditou a clínica onde Iris Nascimento, 46, morreu após uma lipoaspiração. A cirurgia teria sido feita por uma biomédica de 33 anos que acumula denúncias por suposto uso de Certificado de Registro Médico (CRM) de terceiros, omissão de socorro e uso de medicamentos não autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A clínica onde a biomédica atua também possui longo relatório de queixas constatadas pela prefeitura do município. Em 2021, a Vigilância Sanitária municipal constatou irregularidades na unidade. A principal delas: a clínica realizava cirurgias, e não estava apta para tal, conforme esclareceu o Conselho de Biomedicina.

“Na oportunidade, a equipe da Vigilância Sanitária constatou e comunicou a este Conselho a informação da presença no local de materiais para realização de procedimentos cirúrgicos, bem como manuais instrutivos de otoplastia e rinoplastia, além da confirmação de pacientes que já realizaram tais procedimentos nesta clínica, muitos deles demonstrados no Instagram da profissional responsável”, especificou.

À época do ocorrido, a clínica foi interditada até a regularização e autorizada a realizar apenas procedimentos considerados minimamente invasivos. Em novembro do ano passado, o espaço foi novamente fiscalizado e conseguiu a renovação do alvará sanitário.

Denúncias contra a biomédica responsável pela clínica em Divinópolis

Entretanto, após a fiscalização, a prefeitura de Divinópolis descobriu que a profissional responsável pela cínica estaria usando remédios não permitidos pela Anvisa. Além disso, o município também teve acesso a relatos de complicações em tratamentos e até recusa de socorro a pacientes.

A biomédica, aliás, estaria usando o registro de uma profissional ligada ao Conselho Regional de Medicina (CRM). Essas denúncias foram encaminhadas no último 27 de março pela prefeitura, segundo informou a própria administração.

O município justificou ainda que a fiscalização da conduta da profissional é feita pelo CRM, e não pela Vigilância Sanitária.

Cirurgia custou R$ 12 mil

Segundo a ocorrência, o marido da vítima relatou ter pagado R$ 12 mil para que a mulher passasse pela lipoaspiração. Ele detalhou ainda ter levado a esposa à clínica na rua São Paulo, no centro de Divinópolis, por volta das 6h30. A suposta médica não pediu risco cirúrgico para o procedimento ou qualquer outro exame antes de submetê-la à operação.

À polícia, uma testemunha declarou ter visto a dona da clínica retirando provas do espaço enquanto a vítima era atendida pelo Samu. Conforme descrito na ocorrência, a biomédica e uma funcionária retiraram um saco plástico preto e uma caixa grande do espaço após o procedimento.

Iris Nascimento foi socorrida para o Hospital São João de Deus, onde foram constatados vários furos na região abdominal. Ela precisou ser intubada e transferida para o CTI em estado gravíssimo, mas morreu em seguida.

Nesta terça-feira (9), o hospital informou por meio de nota que a paciente morreu às 20h19 de segunda-feira (8).

Lista de erros em procedimentos

Ainda segundo a ocorrência, um representante do Conselho Regional de Medicina (CRM) foi até a clínica e declarou ter ciência de outros erros em procedimentos anteriores feitos pela biomédica. Ela não tem formação para realizar quaisquer procedimentos invasivos.

A clínica está interditada.

Outra morte após cirurgia

Uma mulher de 38 anos morreu no último 25 de abril após complicações decorrentes de uma cirurgia plástica de abdominoplastia realizada no Instituto Mineiro de Obesidade, no bairro Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

O cirurgião plástico Lucas Mendes foi quem realizou a cirurgia. Ele é o mesmo que operou Lidiane Aparecida Fernandes Oliveira, 39, que também morreu após complicações de uma abdominoplastia com lipoaspiração.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.