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Roque Almeida: Co-branding é o principal desejo das marcas, aponta estudo

Há uma enorme pressão para que as lideranças façam sempre algo diferente, mas vale ficar atento para não embarcar em modismos sem efeito positivo

Compartilhar ofertas, clientes ou até know-how passou a ser necessidade para marcas que querem se manter energizadas

O principal desafio de uma marca é manter-se relevante em um mercado tão competitivo. Para gestores, CEOs e profissionais de branding, é importante entender como as marcas são percebidas, gerenciadas e o que os principais stakeholders anteveem para os próximos anos.

Diante dessa necessidade, a Calebe_ — empresa integrante do grupo matter&Co especializada em branding, marketing e growth — realiza pesquisa bianual e nacional sobre o futuro da gestão de marcas, para entender práticas, desafios, ambições e conhecimentos dos responsáveis pelo marketing, comunicação e estratégia das empresas brasileiras.

Um resultado que chama a atenção na pesquisa é que 44% dos respondentes não sabem nem o valuation, quanto mais o percentual da marca. O levantamento também apontou as três ações mais executadas nos últimos dois anos: 43% investiu em campanha publicitária institucional, 41% fez a revisão da identidade visual e 39% reviu a estratégia de marca/posicionamento.

A pesquisa abordou empresas de todos os portes, de setores variados e os dados foram coletados entre os meses de maio e agosto de 2024. A partir dos resultados, reúno aqui insights que provocam a reflexão para aproximar negócios e pessoas por meio da construção de marcas relevantes. Em conversa com o Calebe Bezerra, estrategista de marcas e CEO da Calebe_, ele faz um alerta para que as empresas não se deixem cair em tentação: há uma enorme pressão para que as lideranças façam sempre algo diferente. Mas vale ficar atento para não embarcar em modismos que não trarão efeito positivo para a marca. Ele recomenda que somente uma estratégia clara e flexível é capaz de embasar a escolha de qual onda se deve surfar.

Outro insight diz respeito ao propósito das marcas: mais da metade das empresas alega ter um propósito claro. É um alto nível de adoção dessa estratégia como diferencial competitivo, porém, quando a pesquisa buscou por práticas que deem suporte a essa definição, os números foram decepcionantes. Os gestores de marca parecem não associar a definição de propósito às demais práticas de branding.

Além disso, um dos tópicos está relacionado à colaboração entre as marcas. Compartilhar ofertas, clientes ou até know-how passou de oportunidade à necessidade para marcas que querem se manter energizadas. A pesquisa também concluiu que a maioria das empresas passou por uma revisão de identidade nos últimos anos.

O levantamento também revelou que o mercado de influência dá sinais de resfriamento. Depois de um boom nos últimos quatro anos, o investimento em influenciadores começa a cair. E para concluir, o endomarketing é a iniciativa com menor apetite de investimento entre todos os respondentes. Se o desafio do século é a mão de obra, o apetite para formação e alinhamento dos times internos se mostrou um tanto quanto baixo.

Roque Almeida é CEO da matter&Co, primeiro ecossistema de inteligência de negócios da América Latina. É empresário com quase 30 anos de experiência como executivo, consultor, professor, investidor, conselheiro de empresas dos mais variados segmentos e fundador da Smart Business Lab, consultoria de estratégia e gestão de negócios.