Nas últimas semanas, a previsão de aumento da taxa Selic, que pode chegar a 11,75% no final de 2024, tem gerado preocupação em diversos setores da economia. Naturalmente, isso desperta questionamentos também sobre como o mercado imobiliário será impactado. Porém, com base no que temos acompanhado nos últimos anos no Brasil, acredito que o efeito desse aumento será menos imediato do que muitos esperam, e há razões para esse otimismo.
O setor imobiliário tem uma característica peculiar: ele tende a reagir de forma mais lenta às
Outro ponto que sustenta essa resiliência do setor é a forte demanda habitacional que temos no Brasil. Temos no País um déficit de mais de 6 milhões de domicílios, segundo o Ministério das Cidades, sobretudo nas classes mais pobres da população. O programa Minha Casa Minha Vida representa, hoje, cerca de 53% do mercado imobiliário do País, segundo a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Operado pela Caixa Econômica Federal, o programa conta com políticas de financiamento com taxas mais acessíveis e com subsídios.
Conversando com empresários do setor, clientes da Smart Business Lab, consultoria em gestão de negócios do
Segundo o relatório Focus do Banco Central, como a expectativa é de que a Selic se estabilize, e no longo prazo continua sinalizando queda chegando em 2027 em 9,00%. Esta alta recente continua no radar especialmente dos investidores do mercado imobiliário, fazendo com que eles tendam a usar seus investimentos com cautela, mas ainda não quer dizer que o mercado vá estacionar. Vale lembrar ainda que o custo do crédito fica mais alto no curto prazo e isso tende a fazer com que os investidores possam preferir outros ativos de renda fixa relacionados à Selic, como uma aplicação em CDI, mas apenas se houver tendência de queda no longo prazo.
O mercado imobiliário tem se mostrado resiliente às pequenas variações da taxa de juros. Claro que isso mudaria se vivêssemos o que passamos de janeiro de 2021 onde saímos de 2,00% para 13,75% ao ano em agosto de 2022. Em apenas 20 meses aumentamos em quase 7 vezes os valores nominais da taxa de juros, mas o impacto em uma parcela de financiamento bancário de 35 anos é catastrófico.
A alta mais recente da Selic foi de 0,25%, um aumento mínimo, e mesmo que aumente mais um pouco nas próximas reuniões do Copom não parece que seja capaz de atrapalhar muito quem está preparado. Em empresas que trabalham com a viabilidade de seus empreendimentos, essa variação já é esperada, compondo os cenários mais conservadores de suas análises de viabilidade e não deve gerar grandes impactos. A continuidade das políticas de financiamento habitacional e a demanda estável garantem que o mercado imobiliário continue a ser um ambiente seguro e promissor para quem sabe se planejar.
Com a estratégia certa, as oportunidades continuam presentes, e as empresas bem preparadas, estão prontas para aproveitar esse momento.