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Distrito Federal é condenado por utilizar ‘nome morto’ em documentos oficiais

A autora do processou denunciou que sofreu constrangimento por parte da Secretaria Executiva da Fazenda do Distrito Federal

Autora do precesso contou que se sentiu constrangida após não ter os dados cadastrais alterados no sistema depois que ela alterou o nome em 2018

O Distrito Federal foi condenado a indenizar uma mulher em R$ 6 mil por utilizar o “nome morto” dela em documentos oficiais. A decisão é do 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal. A autora do precesso contou que se sentiu constrangida após não ter os dados cadastrais alterados no sistema depois que ela alterou o nome em 2018.

Ela percebeu a situação quando emitiu o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), o que lhe causou abalos psicológico e humilhação. Após a condenação em 1ª instância, o Distrito Federal recorreu.

O DF argumentou que, mesmo que a sentença reconheça a responsabilidade do Estado e a relevância da proteção ao nome e aos direitos de personalidade, o dano moral indenizável exige mais que “o simples aborrecimento ou desconforto”. Sustenta que não ficou comprovado o dano efetivo à autora e que o caso se trata de “mero dissabor”.

Apesar disso, ao julgar o recurso, a Turma ressaltou que a administração pública continuou emitindo documentos oficiais com o nome anterior ao reconhecimento da identidade de gênero da autora, mesmo após a retificação do registro civil.

O colegiado acrescenta que a manutenção do chamado “nome morto” viola o direito de identidade, a honra e a dignidade da pessoa humana. “A falha administrativa revelou omissão estatal na devida atualização de seus registros, situação que expôs indevidamente a condição de pessoa transgênero da autora, extrapolando o dito mero aborrecimento e configurando o dano moral indenizável”, concluiu o colegiado.

(Sob supervisão de Edu Oliveira)

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas