Dois em cada três moradores de favelas no Brasil vivem em vias sem árvores

Levantamento do IBGE considera apenas árvores com pelo menos 1,70 metro localizadas em vias públicas, como ruas, becos, vielas, escadarias e palafitas

Cerca de 2,7 milhões de ruas, estradas, travessas e rodovias não têm nome

O Censo 2022 revela que quase dois em cada três moradores de favelas no Brasil (64,6%) vivem em trechos de vias sem qualquer árvore em área pública. Fora das favelas, o índice cai para 31%, evidenciando forte desigualdade territorial. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (5) pelo IBGE no suplemento Favelas e comunidades urbanas: características urbanísticas do entorno dos domicílios.

O levantamento considera apenas árvores com pelo menos 1,70 metro localizadas em vias públicas, como ruas, becos, vielas, escadarias e palafitas. Em 2022, o Brasil tinha 16,4 milhões de moradores em 12.348 favelas, dos quais 10,4 milhões viviam em trechos sem nenhuma árvore.

Em Belém, que recebeu a COP 30, o cenário é ainda pior: 65,2% dos moradores de favelas não tinham árvores próximas ao domicílio. Para o IBGE, a falta de arborização está diretamente ligada ao desconforto térmico e à piora da qualidade ambiental das cidades, especialmente diante do aquecimento global.

Entre os moradores de favelas que têm árvores na via (35,4%), o IBGE identificou:

  • 1 a 2 árvores: 17,8%
  • 3 a 4 árvores: 7,1%
  • 5 ou mais árvores: 10,5%

Fora das favelas, 33,5% dos moradores convivem com cinco ou mais árvores perto de casa. O levantamento mostra ainda que, quanto maior a favela, menor a chance de haver arborização: comunidades com até 250 moradores têm 45,9% de vias arborizadas; entre as que superam 10 mil habitantes, o índice cai para 31,8%.

Entre as 20 maiores favelas do país, Rio das Pedras, no Rio de Janeiro, registra a pior situação: só 3,5% dos quase 56 mil moradores têm árvore na frente de casa. No Sol Nascente, no Distrito Federal, a segunda maior favela do Brasil, o cenário é oposto — 70,7% dos moradores vivem em vias com árvores.

O Censo também investigou a presença de bueiros, essenciais para o escoamento de água das chuvas: eles estão presentes em trechos onde vivem 45,4% dos moradores de favelas, contra 61,8% fora delas. Nas menores comunidades, 38% têm bueiro próximo; nas maiores, o índice chega a 54,1%.

Os dados mostram que milhões de brasileiros seguem expostos a condições urbanas desiguais, com impacto direto no conforto térmico, na drenagem e na qualidade de vida.

* Informações com Agência Brasil

Leia também

A Rádio de Minas. Tudo sobre o futebol mineiro, política, economia e informações de todo o Estado. A Itatiaia dá notícia de tudo.

Ouvindo...