A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o policial militar Vinicius de Lima Britto, que executou Gabriel Renan da Silva Soares com 11 tiros pelas costas, em frente a um mercado da zona sul da capital paulista, foi afastado de suas funções operacionais.
A execução de Gabriel, que é um jovem negro, acusado de roubar materiais de limpeza, aconteceu em 3 de novembro e foi registrada por uma câmera de segurança. O afastamento, portanto, só ocorreu 1 mês após o crime. O caso segue sob investigação pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “As imagens captadas foram juntadas aos autos e estão sendo analisadas para auxiliar na apuração dos fatos”, informou a SSP.
No comunicado, a pasta afirma também que “familiares da vítima foram ouvidos e diligências estão em andamento para identificar e qualificar a testemunha que esbarrou na vítima durante sua fuga do estabelecimento comercial, momentos antes de ser alvejado. A Polícia Militar acompanha as investigações, prestando apoio à Polícia Civil. Caso as apurações apontem para a responsabilização criminal do policial militar, medidas administrativas serão adotadas, incluindo a possibilidade de processo disciplinar que poderá resultar na sua exclusão da Instituição”.
Pelas imagens, Gabriel, que vestia um moletom com capuz, quando entrou no mercado, às 22h44. Em seguida, ele andou até a seção de limpeza, onde pegou produtos. Na fuga, ele escorregou na porta do estabelecimento e caiu no chão do estacionamento. O policial estava no caixa quando percebeu a ação. Vinicius sacou a arma e atirou diversas vezes pelas costas de Gabriel, que tentava fugir. O jovem morreu no chão do estacionamento.
O PM Vinicius de Lima Britto, que matou Gabriel Renan da Silva Soares com 11 tiros, já havia reprovado em exame psicológico por problemas de sociabilidade e descontrole emocional#Itatiaia
— Itatiaia (@itatiaia) December 3, 2024
🎥Imagens cedidas à Itatiaia pic.twitter.com/Tg7h4AZgKv
Segundo o boletim de ocorrência, foram encontradas 11 perfurações pelo corpo dele. Em depoimento, o PM disse que Gabriel estava armado e com a mão no bolso do moletom, razão pela qual ele atirou. Vinicius alegou que agiu em legítima defesa. Nas imagens, porém, não é possível ver Gabriel dizendo algo ao PM, pois já é baleado assim que o agente sai do mercado.
Reprovado em teste psicológico
O policial militar Vinicius de Lima Britto já havia sido reprovado em um exame psicológico ao tentar ingressar na Polícia Militar pela primeira vez. A avaliação, realizada durante um concurso público para soldado de 2ª classe, em 2021, apontou problemas de sociabilidade e descontrole emocional, de acordo com informações confirmadas pela CNN Brasil.
Apesar da reprovação inicial, o PM conseguiu entrar na corporação no mesmo ano, após ser aprovado em um segundo concurso. Nesse intervalo, ele chegou a entrar com um mandado de segurança contra o resultado do primeiro teste, alegando subjetividade na análise, mas a Justiça negou o pedido e o processo foi extinto.