A Justiça de São Paulo condenou o padre Wendel Ribeiro, da Diocese de São José dos Campos, a um ano de prisão por ter cometido injúria racial contra um garçom de uma pizzaria de Jacareí, na região do Vale do Paraíba. A sentença, da qual cabe recurso, é da segunda-feira (8).
O juiz Marcos Augusto Barbosa dos Reis, da 1ª Vara Criminal de Jacareí, substituiu a pena privativa de liberdade, que seria cumprida em regime aberto, para prestação de serviços comunitários pelo mesmo período de um ano.
O padre foi condenado também ao pagamento de 10 dias multa, que é calculada com base no valor do salário mínimo e no poder aquisitivo do réu. O caso aconteceu em julho de 2021.
Segundo a decisão, a conduta “lastimável e desprezível” do padre “ofendeu a dignidade da vítima afrodescendente em razão de sua raça e cor, humilhando-o”. Na decisão, o juiz apontou que o réu não usaria tal tratamento “a outro grupo em razão da cor e etnia”.
"[O réu] foi ofendido pelo acusado, que recusou o atendimento cordial sempre prestado pelo ofendido, chamando-o de ‘pretinho’, dizendo em alto e bom tom para as testemunhas ouvidas que não queria ser serviço por ‘aquele pretinho’, referindo-se à vítima”, afirmou o magistrado.
A decisão também indica que a prova produzida durante a fase de investigação e em juízo é “absolutamente segura, tranquila e demonstra a prática delitiva descrita”.
Conforme o depoimento de testemunhas, ouvidas pela Polícia Civil e pela Justiça, o padre frequentava a pizzaria há 10 anos e não aceitava ser servido depois de outras pessoas durante o rodízio. A vítima trabalha no estabelecimento há 20 anos.
O garçom, que tem mais 50 anos de experiência na função, disse em depoimento à Justiça que padre recusou o atendimento dele por seis vezes durante o rodízio, ficando de cabeça baixa.
Após não aceitar o atendimento, o padre foi buscar pizza diretamente com o pizzaiolo, quando foi questionado por que estava buscando a pizza, já que poderia ser servido na mesa. Foi nesse momento que o padre fez as ofensas racistas referindo-se ao garçom.
“O ofendido ficou bastante abalado com o tratamento absolutamente repugnante do acusado e, inclusive chorou bastante ainda dentro do estabelecimento comercial”, destacou o juiz, na decisão. Em interrogatório, o padre negou as ofensas e alegou que seu pai e suas testemunham eram pretos.
A reportagem tenta contato com a defesa do padre e com a Diocese de São José dos Campos.