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O que é um tsunami meteorológico?

Entenda o fenômeno que atingiu a Praia do Cardoso, em Santa Catarina

Montagem mostra mapa meteorológico de Santa Catarina na hora do tsunami meteorológico e parte dos danos

Um tsunami meteorológico atingiu a Praia do Cardoso na cidade de Laguna, litoral sul de Santa Catarina, na tarde deste sábado (11).

As ondas, que se formaram após uma mudança na temperatura e nos ventos, invadiram a praia e arrastaram carros pelo litoral. Mesmo com a violência do fenômeno, não houve feridos.

Veja as imagens:

A Defesa Civil de Santa Catarina explicou, em posts na redes sociais, que o tsunami meteorológico é um fenômeno raro e muito difícil de prever. Entenda detalhes desse fenômeno.

O que é um tsunami meteorológico?

“Tsunami” é o nome dado às ondas gigantes que ocorrem no mar.

Nesse caso, como o nome diz, são ondas gigantes causadas por fenômenos meteorológicos, como instabilidades atmosféricas.

Resumindo, "é um fenômeno meteorológico que acontece quando o mar avança em direção ao continente, atrelado a um sistema meteorológico atuando na região”, segundo a meteorologista Nicolle Reis, da Defesa Civil de Santa Catarina, em postagem no Instagram corporativo.

O que causa um tsunami meteorológico?

Nicolle Reis explica que esse tipo de tsunami está sempre ligado a uma mudança em um sistema meteorológico na região do ocorrido.

No caso de Laguna, em Santa Catarina, por volta das 4 da tarde de sábado (11), uma linha de instabilidade meteorológica ao longo da costa provocou fortes rajadas de vento e queda brusca na pressão atmosférica, fazendo com que o mar avançasse com ondas altas e fortes em direção à praia.

Veja a explicação em vídeo:

Qual é a diferença para um tsunami “comum”, como o que aconteceu na Ásia em 2004?

A diferença está na origem do fenômeno. O tsunami na Ásia foi causado pela movimentação de placas tectônicas da Terra, o que impactou no movimento do mar e causou ondas gigantes.

É possível prever o tsunami meteorológico?

Essa foi a dúvida de vários comentários na postagem da Defesa Civil de Santa Catarina: “por que não houve alerta?”.

A Defesa Civil catarinense explicou que o fenômeno "é de difícil previsão e sua ocorrência não é muito comum de ser observada”.

No sábado (11), por exemplo, não havia previsão de mar agitado nem de alagamentos costeiros em Santa Catarina. Havia alerta de chuvas, mas não de tsunami meteorológico.

No entanto, com a passagem de uma linha de instabilidade pelo litoral Sul do estado, formou-se o tsunami meteorológico. Como o fenômeno é imprevisível, é difícil fazer alertas.

O que são “linhas de instabilidade” e como elas causam tsunamis meteorológicos?

A Defesa Civil de Santa Catarina publicou uma explicação detalhada:

"

As linhas de instabilidade são formadas por células de tempestades aproximadamente contínuas dispostas de forma alinhada. Quando passam paralelas à costa, podem gerar mudanças bruscas de pressão atmosférica e rajadas de vento intensas que colaboram para o avanço da água do mar em direção à praia.

As linhas de instabilidade provocam “pulsos” de pressão atmosférica que se propagam perturbando as águas da plataforma continental, que por sua vez tem velocidade de propagação muito próxima à velocidade de avanço da linha de instabilidade, possibilitando uma ressonância quase perfeita entre a atmosfera e o oceano.

Assim, a altura da onda é amplificada e ao se propagar em direção à costa pode se amplificar ainda mais, atingindo alguns metros de altura em um curto período de tempo (minutos), o que provoca uma subida rápida de maré podendo ocasionar ressaca e inundações costeiras.”

Dá pra saber qual será a extensão da inundação?

Para cada tsunami meteorológico vai acontecer de um jeito. A Defesa Civil de Santa Catarina explica que o alcance das ondas e da inundação depende da inclinação da praia e também da presença ou ausência de dunas.

No caso de Laguna, a inundação alcançou dezenas de metros pois a região pe quase plana e voltada para o quadrante sul.

Coordenadora de jornalismo digital na Itatiaia. Jornalista formada pela UFMG, com mestrado profissional em comunicação digital e estratégias de comunicação na Sorbonne, em Paris. Anteriormente foi Chefe de Reportagem na Globo em Minas e produtora dos jornais exibidos em rede nacional.